Archer Mangueira coloca-se à disposição da justiça espanhola para esclarecer alegado suborno de que é acusado
O ex-ministro das Finanças, Augusto Archer Mangueira, colocou-se à disposição das autoridades judiciais espanholas para cooperar no esclarecimento do alegado esquema de corrupção fruto do qual teria recebido suborno de 150 mil dólares norte-americanos, para permitir a construção de um mercado de abastecimento em Luanda.
“Em primeiro lugar, declaro a minha total disponibilidade para cooperar com a Justiça em todas as instâncias a que possa, eventualmente, ser chamado a participar”, disse em nota de esclarecimento enviada à agência Lusa o ex-assessor económico de José Eduardo dos Santos e ex-ministro das Finanças.
O actual governador do Namibe considera que as acusações de que foi indiciado configuram uma “perseguição pessoal” de que tem sido alvo desde que ocupou o cargo de ministro das Finanças.
“Tenho muita dificuldade em olhar para a repercussão que é dada aos alegados factos noticiados de outro modo que não seja como fazendo parte de perseguição pessoal, desde que fui investido nas funções de ministro das Finanças, em setembro de 2016”, afirmou o governador do Namibe.
Archer Mangueira garante que não teve “qualquer função executiva, nem qualquer envolvimento no projecto em causa”, classificando como improcedente a acusação que pesam contra si.
“A quem esteja de boa-fé, só pode causar estranheza o facto de eu ser associado como ‘ministro das Finanças’ — funções em que fui investido há apenas cinco anos e que exerci até Outubro de 2019 — aos alegados factos, que, a terem ocorrido, remontarão há cerca de 14 anos”, contestou.
O pronunciamento de Archer Mangueira surge em resposta à publicação de um artigo no jornal espanhol El Mundo, que se refere a uma ‘prova-chave’ de um processo envolvendo ‘importantes nomes’ do executivo angolano, acusados de terem beneficiado de subornos no valor de 450 mil dólares norte-americanos, em 2014, para permitir a construção de um mercado de abastecimento em Luanda.
Entre os acusados está também ex-vice-ministro do Comércio e actual deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA Manuel da Cruz Neto e então director nacional do Comércio Gomes Cardoso, que, segundo a prova publicada pelo El Mundo, teriam recebido, respectivamente, 200 mil e 100 mil dólares norte-americanos, respectivamente.
Quer Manuel da Cruz Neto, quer Gomes Cardoso não reagiram às acusações contidas na matéria do jornal espanhol.
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