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Burkina Faso. Activista da junta militar condenada à pena suspensa

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A justiça burquinabe condenou hoje um dos líderes de um colectivo favorável à junta militar no poder a “dois anos de prisão suspensa” por ter feito ameaças, inclusive de morte, contra dois jornalistas, segundo fontes judiciais.

O Tribunal Superior de Ouagadougou multou também o arguido, Mohamed Sinon, em 1 milhão de francos cfa (1.500 euros), considerando-o culpado por “apelos ao assassínio” dos jornalistas Newton Ahmed Barry e Alpha Barry, que chegou a ser ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2016 e 2021.

No início de Dezembro, num vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, Mohamed Sinon havia apelado ao “assassínio” do jornalista Newton Ahmed Barry, acusado de ser um “inimigo interno e cúmplice” da França, pouco depois deste ter considerado “ilegal” a suspensão dos programas da RFI no Burkina Faso pelos militares.

Segundo o procurador, Sinon também apelou à agressão contra Alpha Barry, ligado ao grupo Omega Médias.

Líder do Colectivo de Líderes Pan-Africanos (CLP), Mohamed Sinon foi detido em 20 de Janeiro em Ouagadougou, logo após ter organizado uma manifestação contra a presença de soldados franceses, em apoio às forças de defesa e segurança e aos dirigentes de transição.

Reconhecendo os factos, Sinon arrependeu-se de ter pronunciado o nome de Alpha Barry, antes de pedir perdão ao tribunal, aceitando que as suas palavras foram “um pouco fortes”.

Sinon foi libertado após a leitura da sentença, anunciou o CLP nas redes sociais, referindo que o arguido se manifestou “satisfeito” com um “final feliz”.

Ex-editor do jornal de investigação L’Evènement Newton Ahmed Barry foi um apresentador de destaque na televisão do Burkina Faso na década de 1980.

O jornalista demitiu-se um dia após o assassínio, em 1998, do jornalista de investigação e editor do semanário L’Indépendant Norbert Zongo e três de seus amigos, cujos corpos foram encontrados crivados de balas e carbonizados no seu veículo no sul do país.

Depois de presidir à Comissão Eleitoral Nacional Independente (Ceni) de 2014 a 2021, é actualmente comentador de vários meios de comunicação do Burkina Faso.

LUSA

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