Reserva Estratégica Alimentar está a ser usada para mitigar alta de preços de bens no mercado internacional
Angola tem usado a Reserva Estratégica Alimentar (REA) como mecanismo de curto prazo para fazer face aos choques externos e mitigar a subida dos preços de bens alimentares no mercado internacional, causada pelos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia — dois maiores produtores de cereais no mundo.
A afirmação foi avançada, esta sexta-feira, 29, pelo ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, à margem da I Reunião Conjunta de Ministros da Economia, Comércio e Finanças da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu em Luanda.
O ministro — que participava em representação do governo angolano, que assume actualmente a presidência rotativa da organização — assegurou que o impacto da guerra da Rússia e a Ucrânia não se reflecte ainda nos preços de bens e serviços em Angola, mas o país tem estado a preparar-se, criando uma reserva, diversificando os fornecedores e apostando no aumento da produção agrícola.
“Não estamos à parte destas implicações devido às tensões geopolíticas que estão a acontecer. Mas antecipámo-nos já, no ano passado, com a nossa Reserva Estratégica Alimentar, para fazer face às variações dos preços das principais commodities que importamos, principalmente os cereais”, disse o governante, citado pela Lusa.
Segundo Mário Caetano João, o aumento da produção nacional tem sido decisivo para conter os preços, adiantando que, por enquanto, a inflação mensal no país segue ainda uma tendência decrescente.
“Já saímos de 2,01%, em Dezembro, e estamos a 1,53% no final do Março, por isso ainda não sentimos [o aumento dos preços]”, reforçou.
O ministro fez saber que, durante muitos anos, a produção nacional não era um elemento fundamental na formação dos preços, ou seja, o país funcionava como uma plataforma logística em que os produtos eram importados e distribuídos.
De acordo com o governante, hoje a situação é diferente, a economia do país saiu de uma dependência do petróleo de 43% do PIB, em 2011, para actualmente cerca de 27%.
A agricultura tem estado a crescer nos últimos três anos cerca de 5%, segundo dados do MEP, e a previsão para este ano mantém-se na mesma ordem, estimando-se um crescimento para o sector das pescas em 10%, do comércio 3,8% e transporte em cerca de 2%.
Caetano João assegurou que o governo vai continuar a procurar a segurança alimentar para atenuar o impacto externo, sublinhando que o país estará “dependente também da variação de preços nesses mercados através dos quais importa [bens e serviços]”.
No caso do trigo, cereal usado no pão e que constitui uma das bases de alimentação das famílias angolanas, cujo preço está a “disparar” no mercado internacional, devido aos conflitos entre os dois principais produtores mundiais (a Rússia e a Ucrânia), o ministro garantiu que Angola está a recorrer a diferentes fornecedores, formando um mix Provider.
“Temos um mix de origens das nossas commodities e é claro que o mercado, os empresários estão atentos, acima de tudo querem encontrar negócio aos melhores preços. Temos trigo da América Latina e da Europa Ocidental e mercados de leste”, sublinhou.
*Com agências