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“Nós ganhámos a guerra e vocês nunca vão poder governar”, a revelação do encontro de ACJ com o MPLA que enfureceu os Camaradas

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O MPLA, o partido do governo, chamou, esta segunda-feira, 1, a imprensa para reagir às revelações proferidas pelo líder da UNITA num encontro com os seus militantes, parceiros da Frente Patriótica Unida (FPU) e membros da sociedade civil, no qual revelaria detalhes de uma conversa que manteve com figuras do topo do partido no poder, alegadamente mandatados pelo Presidente João Lourenço, com o propósito de negociarem a transição política no país.

O áudio com as revelações, que tem sido partilhado nas redes sociais, enfureceu os ‘Camaradas’, que, não se fazendo de rogados, convocaram uma conferência de imprensa durante a qual fizeram “sérias advertências” ao maior partido na oposição e ao seu líder, o qual foi sempre tratado como o “actual presidente da UNITA”, tendo o secretário para os Assuntos Políticos e Eleitorais do Bureau Político do MPLA, Ju Martins, revelado também que Adalberto Costa Júnior chegou a ouvir deles que era “um presidente a prazo” à frente da UNITA, no encontro que mantiveram.

A razão de ser das revelações de Adalberto Costa Júnior teriam sido “declarações fortes” proferidas durante o “encontro de negociações” por um membro do topo do MPLA, que se sabe agora ter sido Ju Martins, há mês e meio. O conteúdo da conversa acabou revelada pelo próprio Adalberto Costa Júnior, quando falava sobre a alternância do poder em Angola.

“Eu sentei com alguns dirigentes de topo do MPLA que me disseram que estamos sentados consigo com a autorização do Presidente da República. Eu disse tudo bem, ainda bem. [Disseram-me], o senhor presidente saiba, desde já, que nós ganhámos a guerra e vocês nunca vão poder governar, porque nós ganhámos a guerra”, revelou o líder da UNITA, durante um evento político, realizado no âmbito da campanha eleitoral.

Após fazer a referida declaração, Adalberto Costa Júnior chamou a atenção para a postura dos actuais governantes angolanos. “Estão a ouvir como é que pensam os nossos adversários? Estão a ouvir? Eu fiquei a ouvir com muita paciência. E eles falaram, falaram…Ouvi mais de duas horas. E ouvi tanta coisa que eles devem ter [ficado] com a percepção de que falaram mais do que deviam. Não deviam ter dito tanta coisa”, comentou o candidato da UNITA.

“Ao dizer que nós ganhámos a guerra, está a dizer que não há sistema democrático em Angola. Não partilhamos o Estado de direito. Vocês já viram a gravidade disso?”, questionou, no encontro com os seus apoiantes, Adalberto Costa Júnior, apontando dois caminhos para o sentido do voto dos angolanos: “É por isso que eu digo que estará em opção [nas próximas eleições] Angola ou a destruição de Angola”.

“Estão a lidar com um ACJ e com uma UNITA madura”

Para o líder da UNITA, a actual elite governativa angolana “não se preparou para realizar a Angola plural”. “Não se preparou. Porque ganharam a guerra?! E está visível no discurso do chefe, de ontem. Vejam lá! Felizmente, o cidadão está maduro”.

Adalberto Costa Júnior revelou ainda no encontro que, quando o seu interlocutor terminou de falar, teve de se contentar com uma resposta à altura das afirmações por ele proferidas: “Eu disse: olha bem para os meus olhos, vocês já perderam as eleições. Vocês perderam as eleições, e aproveitem a oportunidade. Vocês estão a lidar com um Adalberto Costa Júnior e com uma UNITA madura, democrática e tolerante, que tem capacidade de diálogo, aproveitem a oportunidade”. E continuou:

“Se vocês não negociam agora, vão negociar depois da derrota? Vão conseguir o quê? Quais são as vossas preocupações estratégicas? Vamos negociar. Estamos tranquilos nesta matéria. Mas, vocês já perderam. Então, meus amigos, nós vamos continuar abertos para sentar. Nós nos preparámos para vitória”, disse o líder da UNITA, reproduzindo a posição tomada no encontro com os membros do MPLA.

Sondagens falsas

No áudio, o líder da UNITA reage também a duas sondagens que deram vitória ao MPLA, com 59 e 63% dos votos, respectivamente. Duas sondagens, entretanto, que viriam a revelar-se como autênticos “embustes”, uma vez que investigações feitas apontavam, por um lado, que uma das empresas não existia no Brasil, e a outra, um site, tinha acabado de ser criado registado pouco menos de 24 horas antes da revelação dos resultados eleitorais avançados numa das sondagens.

“Aquilo que estamos a ver no país, não permite sustentar as sondagens falsas que se publicam no Jornal de Angola. Publicam sondagens de empresas que depois aqueles mais cuidadosos investigam e perguntam ao Google este site existe e o Google respondeu é falso. Não fomos nós. Não fomos nós que respondemos. Não fomos nós.  Significa que você que é governo corre o risco de publicar no jornal oficial uma questão que não tem sustentação? Está a fazer publicidade à FPU e à UNITA. Cada dia que passa com estes posicionamentos, o angolano atento não vota num regime destes. Não pode votar. Não pode”, comentou o candidato da UNITA.

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