Isto É Notícia

Milucha surpreendida com publicação de uma notificação do SIC contra si e diz-se “disposta a morrer pela verdade”

Partilhar conteúdo

A jurista e advogada e docente universitária Maria Luísa Perdigão Abrantes ‘Milucha’, ex-companheira do antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos, com quem teve dos dois filhos — Welwitschea ‘Tchizé’ dos Santos e José Paulino dos Santos ‘Córeon Dú’ —, manifestou-se, esta quinta-feira, 18, surpreendida com o facto de uma notificação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) contra si ter sido publicada nas páginas do Jornal de Angola (JA).

Em causa, segundo apurou o Club-K, estará uma queixa-crime intentada pela juíza jubilada e académica Luzia Sebastião ‘Gi’, citada no livro ‘Uma Vida de Luta’, da autoria de Maria Luísa Abrantes, lançado este ano, no qual a queixosa é citada como tendo participado da sua detenção, aquando dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977.

“Tomei conhecimento que circula uma Notificação-Edital do Gabinete do PGR junto do SIC, cuja existência desconhecia, sem mencionar a fonte onde foi publicada, não assinada, com a minha idade incorrecta (não é comum constar a idade numa notificação), datada de 3 de Agosto de 2022”, escreveu Maria Luísa Abrantes num curto texto, o qual chamou de ‘A Verdade’, e que está a ser partilhado nas redes sociais.

“Estranho”, ainda segundo a jurista, foi também o facto de “uma notificação, que é pessoal”, ter sido publicada [num jornal de grande circulação], quando o seu escritório de advocacia tem um site com todos os contactos, parecendo à advogada que “havia interesse em dar alguma publicidade ao assunto”.

O portal Club-K confirmou, esta quinta-feira, 18, que a notificação-edital na qual está citada Milucha estará relacionada com a queixa-crime apresentada por Luzia Sebastião, em virtude do livro de Milucha “ter dito a verdade e só a verdade” sobre aqueles acontecimentos.

“Referi-me no livro à referida académica, a propósito do interrogatório que me foi feito pelo general Onambwé, para apurar se eu sabia que o preso, e desaparecido no 27 de Maio de 1977, Dr.º Tito Luís Teixeira de Araújo Zuzarte de Mendonça era amigo do comandante Nito Alves, em virtude da Prof. Dr.ª Luzia Sebastião e a Sra. Alcina Dias da Silva ‘Kassanji’, terem feito essa acusação durante a acareação, após o meu interrogatório diante mim mesma, numa sala no Ministério da Defesa”, explica Milucha no texto, referindo que “foi relator o general Ari da Costa”.

“Ainda que todos os integrantes da purga do 27 de Maio de 1977, sejam eles da Segurança de Estado ou não, possam ter feito um pacto de silêncio, ou de mentira, o Estado, se for pessoa de bem, poderá, através da PGR, mandar reabrir o processo do Tilú Mendonça e o meu processo, a menos que haja a possibilidade de os intervenientes os terem feito desaparecer”, acrescenta a jurista.

Milucha afirma, por outro lado, que, quando escreveu o livro, já “estava ciente de que tinha de arcar com todas as consequências das verdades muito duras” que escreveu. “Não as queria levar para o caixão. Também estava ciente de que sempre estive e continuo a estar em minoria e que por isso ‘in dubio pro reo’ [expressão latina que significa literalmente ‘na dúvida, a favor do réu’].

A advogada, que afirma ter saído de Angola em finais de Julho e que promete regressar dentro em breve ao país, afirma que, “sendo uma pessoa amante da verdade e já tendo quase sido morta pela verdade”, vai “continuar a dizer a verdade e só a verdade”, custe o que custar.

ISTO É NOTICIA

Artigos Relacionados