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GPL trava tentativa de manifestação da comunidade civil cubana em Angola

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O novo capítulo iniciado na história de Cuba, derivado dos históricos protestos de domingo, 11, que mergulharam o país caribenho numa onda de insurgências sem precedente, começa a dar sinais de não estar apenas limitado ao espaço geográfico latino-americano. Em Angola, por exemplo, a comunidade civil cubana tentou, sem sucesso, fazer-se ouvir neste fim-de-semana.

Agendada já para este sábado, 17, a iniciativa de manifestação foi ‘travada’ ainda no gabinete da nova governadora provincial de Luanda (GPL), Ana Paula de Carvalho, que alegou insuficiências nos requisitos exigidos por lei, bem como a violação da Lei sobre o Direito de Reunião e de Manifestações, para demover os cidadãos cubanos que quiseram engrossar o coro de vozes que exigem nas ruas de cidades da ilha caribenha o “fim da ditadura”.

Subscrita por quatro cidadãos cubanos — Robin Acosta Heredia, Laritza Gonçález Mayeta, Rachel Bermudez Torriente, Dania Leyva Durán —, a comunicação de manifestação foi “liminarmente” indeferida pelo GPL, também sob a alegação deste violar o disposto no último Decreto Presidencial, que “determina que não são permitidos os ajuntamentos de qualquer natureza superior a 10 pessoas na via pública”.

“Analisada a comunicação escrita, verificámos que não contém a assinatura de pelo menos cinco dos promotores”, explicou o gabinete da governadora de Luanda, dando conta que “o número de cubanos residentes em Angola excede o número pessoas permitidas em ajuntamento na via pública e a hora escolhida não é permitida por lei”.

No último domingo, 11, uma série de protestos e anti-protestos eclodiram em várias cidades de Cuba, quando milhares de cidadãos saíram às ruas para se manifestarem contra o governo. Ao mesmo tempo, outros grupos saíram para defendê-lo.

Em mais de 20 cidades, ocorreram as maiores manifestações no país nos últimos 60 anos. Os manifestantes marcharam sob gritos de “liberdade”, “abaixo a ditadura” e “pátria e vida”.

Com o surgimento da pandemia da Covid-19, a situação económica em Cuba agravou-se. Com forte dependência do turismo internacional, o país sofreu seguidos revezes devido às restrições internacionais de viagens.

Parte da população tem mostrado também descontentamento com o governo do presidente Miguel Díaz-Canel. Sucessor dos irmãos Raul (2008-2018) e Fidel (1976-2008) Castro, Díaz-Canel é visto como um mau gestor por uma parcela do povo cubano, entendimento que piorou na crise gerada pela pandemia.

Em reacção, o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou na segunda-feira, 12, que os protestos buscavam “fragmentar a unidade” do povo cubano e desacreditar “o trabalho do governo e da revolução”.

“Há um sector delinquente. Ontem vimos delinquentes. Ontem a marcha não foi pacífica, houve vandalismo (…), apedrejaram forças policiais, tombaram carros. Um comportamento totalmente vulgar, indecente, delinquente.”, atirou contra os manifestantes Miguel Díaz-Canel.

“Nós não fazemos um chamado ao povo para enfrentar o povo. Nós fazemos um chamado ao povo para defender a revolução, defender seus dinheiros. E o povo atendeu.”, defendeu o Presidente cubano.

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