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Burkina Faso. General acusado de assassinar Thomas Sankara declara-se inocente

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O general Gilbert Diendéré, um dos principais arguidos no julgamento do assassinato do ex-Presidente do Burkina Faso Thomas Sankara, ocorrido há 34 anos, declarou, nesta terça-feira, 9, perante um tribunal militar em Ouagadougou, ser inocente dos crimes de que é acusado.

“Declaro-me inocente em relação a todas as quatro acusações”, afirmou, em pé, o general que se apresentou vestido com uniforme militar, segundo a Agência France-Presse, citada pela Lusa.

O militar, que foi um dos principais líderes do exército durante o golpe de 1987, é acusado de “ataque à segurança do Estado”, “cumplicidade no assassinato”, “ocultação de cadáveres” e “aliciamento e constrangimento de testemunhas”.

Durante o julgamento, Diendéré explicou que, no dia 15 de Outubro de 1987, a data do golpe em que Thomas Sankara e 12 dos seus companheiros foram mortos, se deslocou na tarde daquele dia ao “campo desportivo” do Quartel-General do Comando Militar do Conselho Nacional da Revolução (CNR, no poder), onde se encontrava, quando “ouviu tiros”.

O general Diendéré afirmou que falou com dois soldados que conhecia e que lhe terão dito que tinham ido ali “para impedir” que Thomas Sankara prendesse o seu chefe, Blaise Compaoré, que viria a tomar o poder na sequência do golpe de 15 de Outubro.

O julgamento dos presumíveis assassinos de Thomas Sankara deverá durar vários meses, e é há muito esperado pelas famílias das vítimas.

A rede internacional “Justiça para Thomas Sankara, Justiça para África” sublinhou, na abertura do julgamento, em meados de Outubro, o risco de não ser abordado o papel desempenhado por França, Estados Unidos da América (EUA) e países da África Ocidental, como a Costa do Marfim, de Félix Houphouët-Boigny, e o Togo, de Gnassingbé Eyadema.

Durante uma viagem a Ouagadougou em Novembro de 2017, o Presidente francês, Emmanuel Macron, prestou homenagem à memória de Thomas Sankara e anunciou o levantamento do segredo de defesa sobre documentos relacionados com o seu assassínio, há vários anos solicitados pelo Burkina Faso.

Thomas Sankara deixou uma marca indelével em África, onde ficou conhecido como “Che Guevara africano”. Foi um líder icónico, assumiu o poder muito jovem, com apenas 39 anos, na sequência da revolução de 4 de Agosto de 1983.

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