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Portugal. Morreu o arquitecto da estratégia militar da Revolução do 25 de Abril de 1974

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Morreu neste domingo, 25, aos 84 anos de idade, Otelo Saraiva de Carvalho, o conhecido ‘Capitão de Abril’, foi o coronel que arquitectou a estratégia militar da revolução do 25 de Abril de 1974, que ditou o fim do regime fascista português e permitiu mais tarde a que as ex-colónias iniciassem o processo que viria a acelerar e culminar com as suas independências.

A notícia da sua morte foi avançada este domingo, 25, à imprensa portuguesa pelo presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, que explicou que Otelo Saraiva de Carvalho se encontrava doente e internado no Hospital das Forças Armadas, depois de, já em Março de 2020, ter estado internado durante duas semanas com uma insuficiência cardíaca.

Nascido a 31 de agosto de 1936, em Lourenço Marques (capital de Moçambique durante o tempo colonial, hoje Maputo), Otelo Saraiva de Carvalho entrou na carreira militar ainda durante a juventude.

Na década de 1970, foi uma das principais figuras do Movimento dos Capitães, que depois se viria a transformar no Movimento das Forças Armadas (MFA), e seria Otelo a planear e a dirigir as operações militares da ‘Revolução dos Cravos’, a partir do quartel da Pontinha.

Depois da revolução do 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho candidatou-se por duas vezes às eleições presidenciais. Em 1976, nas primeiras eleições em democracia, tendo ficado em segundo lugar com 16,46% dos votos, apenas atrás de Ramalho Eanes. Em 1980, ano da reeleição de Ramalho Eanes, obteve 1,49% dos votos, ficando em terceiro lugar.

Apesar do papel fundamental na execução da revolução, Otelo Saraiva de Carvalho não foi uma figura consensual em Portugal, sobretudo devido à sua participação nas FP-25 — organização terrorista de extrema-esquerda que operou em Portugal entre 1980 e 1987 — responsáveis por mais de uma dezena de mortes em vários atentados e assaltos.

Otelo Saraiva de Carvalho foi condenado a 15 anos de prisão pelos crimes da associação terrorista no final da década de 1980, tendo cumprido pena de prisão, até que a Assembleia da República portuguesa aprovou uma amnistia para os elementos das FP-25 que estavam presos.

Otelo liderou o Comando Operacional do Continente, mais conhecido por COPCON, durante o período do Processo Revolucionário em Curso (PREC). O COPCON foi um comando militar para Portugal continental criada pelo MFA no período que se seguiu à revolução de 25 de Abril de 1974 e extinto após o golpe de 25 de Novembro de 1975.

A expressão PREC foi gerada no seio do jargão político inovador a que a Revolução do 25 de abril deu vida, e designava a forte movimentação social e política registada em Portugal em 1974/1975, com particular ênfase entre o 28 de Setembro de 1974 e o 25 de Novembro de 1975.

Trata-se de um período de grande agitação social e política, em que as organizações sindicais, dotadas de grande vitalidade, conduzem em vários sectores lutas reivindicativas ora de carácter economicista ora de carácter político, sempre fortemente participadas, em que se aprofunda uma reforma agrária destinada a eliminar o latifúndio da paisagem rural portuguesa, e em que as autoridades tradicionalmente aceites são frontalmente contestadas.

*Com Observador e Infopédia

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