JLo defende em Lisboa que luta de libertação nos PALOP fez aumentar nos portugueses a consciência da necessidade de queda do regime fascista em Portugal
O chefe de Estado angolano, João Lourenço, defendeu, nesta quinta-feira, 25, em Lisboa, que a luta anti-colonial, protagonizada pelos movimentos de libertação nacional nos países africanos sob o jugo português, serviu de ‘pedra angular’ para que a nação lusa encarasse com maior consciência a necessidade da queda do regime ditador e fascista em Portugal.
Discursando, por ocasião dos 50 Anos do 25 de Abril, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa — onde o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, se reuniu com os outros estadistas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) —, João Lourenço destacou o importante papel jogado quer pela Guiné-Bissau, assim como por Angola e Moçambique.
O estadista angolano atribuiu o estádio avançado da luta de libertação nacional nesses três países ao fracasso da ‘Operação Mar Verde’, ao assassinato de Amílcar Cabral e à proclamação da Independência pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), nas colinas de Madina de Boé, em 1973, na Guiné-Bissau.
João Lourenço apontou também “o fiasco da ‘Operação Nó Górdio’ e as “pesadas baixas infringidas pela Frelimo [em Moçambique] e pelo MPLA às tropas coloniais portuguesas em Moçambique e no Norte e Leste de Angola” como sendo responsáveis por “precipitar os acontecimentos que levaram ao levantamento e golpe militar do 25 de Abril de 1974 em Portugal”.
“A luta de libertação nas então colónias portuguesas em África fez aumentar nos portugueses o sentimento e a consciência da necessidade da queda do regime que era ditador e fascista, mas ao mesmo tempo colonialista”, afirmou o chefe de Estado angolano durante o seu discurso.
Sobre o 25 de Abril, também conhecido como a Revolução dos Cravos, João Lourenço considerou que o acontecimento “inaugurou uma nova fase da história da nação portuguesa, que conseguiu estabelecer nos anos que se seguiram uma democracia criativa, vibrante e inclusiva, capaz de manter relações fraternais com as suas antigas colónias, assentes na partilha de um património linguístico, histórico e cultural comum”.
“A nossa causa era a mesma que a do povo português e, por isso, juntos lutámos e juntos vencemos o mesmo inimigo, o colonialismo e a ditadura fascista de Salazar e Caetano”, assinalou, comentando que, logo a seguir a isso, se conseguiu manter com Portugal “laços fraternais de amizade entre os respectivos povos, ao mesmo tempo que se estabeleceu “uma profícua e mutuamente vantajosa cooperação económica entre os nossos países”.