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João Lourenço deixa Plenário da Assembleia Nacional vaiado e com o rótulo de ditador

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A UNITA protagonizou, nesta segunda-feira, 16, na Assembleia Nacional (AN), um momento político inédito e relevante. Instantes depois de concluir o discurso sobre o estado da nação, o Presidente João Lourenço foi obrigado a ouvir, ainda que por pouco tempo, uma chuva de vaias da bancada do maior partido na oposição, enquanto do outro lado do hemiciclo deputados do MPLA e membros do governo central o ovacionavam de forma efusiva.

À semelhança do que aconteceu no último sábado, 14, na Sala Multiusos do Parlamento, nesta segunda-feira, 15, a UNITA voltou a dar nas vistas, inscrevendo um novo capítulo na vida política do país, mas sobretudo impondo um facto novo na forma como passou manifestar a sua indignação.

O Presidente da República, que até sábado último — pelo menos em termos formais — estava a ser visado num processo de destituição, subscrito por 90 deputados da UNITA, esteve durante duas horas e meia a proferir o discurso sobre o estado da nação. Discurso durante o qual o maior partido na oposição ouviu em silêncio.

Mal concluiu o seu discurso, os deputados do MPLA colocaram-se logo em pé para apoiarem o seu presidente e da República, numa altura em que a UNITA já havia colocado em marcha um coro ensurdecedor de vaias e o rótulos — alguns dos quais já ouvidos no sábado, aquando da Sessão Plenária Extraordinária, que votaria contra ou a favor da criação da Comissão Eventual que se ocuparia do processo de destituição de João Lourenço.

“Ditadura, ditadura, ditadura, ditadura!”, ouviu-se de alguns deputados da UNITA, enquanto outros optaram por um mantra mais acusador: “ditador, ditador, ditador” e “abaixo a ditadura”. Entretanto, o MPLA não fez derrogado e, com embalado por fortes aplausos, tentou abafar as vaias com o conhecido ‘louvor’ “Lourenço, amigo, o povo está contigo. Lourenço, amigo, o povo está contigo”.

As televisões, sobretudo o canal 1 da Televisão Pública de Angola (TPA) apressou-se a cortar a emissão ou a colocar ponto final à transmissão, não permitindo que os telespectadores ouvissem e vissem a situação das vaias contra o Presidente da República.

O testemunho do perturbador episódio chegou pouco tempo depois ao grande público, graças o recurso às redes sociais, nas quais os deputados da UNITA foram partilhando vários vídeos da ocorrência.

Facto é que no meio do caos — de um lado, a ovação dos deputados do MPLA e do outro o grito de repúdio da UNITA — ainda houve tempo de João Lourenço, às pressas, curvar-se em jeito de agradecimento aos seus correligionários que o apoiavam de pé para logo a seguir, acompanhado pela presidente da Assembleia Nacional, abandonar o Plenário, sem que Carolina Cerqueira batesse o martelo.

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