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Desnutrição aguda matou no ano passado 2600 crianças em Luanda. Dados do país apontam para 45 mil casos só no I semestre de 2023

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As autoridades sanitárias ‒ Programa Nacional de Desnutrição (PND) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ‒ registaram, no primeiro semestre deste ano, cerca de 45 mil casos de desnutrição aguda de crianças no país, doença que está associada a cerca de 50% da mortalidade infantil no país.

Os dados foram divulgados pela coordenadora do Programa Nacional de Desnutrição, Natália da Conceição, durante uma acção de formação e capacitação de supervisores nacionais de nutrição, em cooperação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Só no ano passado, em Luanda, segundo dados avançados pelo médico César Freitas, da Sociedade Angolana de Pediatria, morreram cerca de 2.600 crianças por desnutrição.

“Nós aqui em Luanda, durante o ano 2022, registámos mais de 26 mil crianças com desnutrição e, dessas, mais de quatro mil tinham a forma grave e cerca de 10% faleceram. Em relação à morte dessas crianças, em função das unidades que temos, os óbitos variam de 17% a 40%, o que é considerado inaceitável”, sublinhou o médico.

De acordo com a oficial de nutrição do Unicef em Angola, Joana Abraão, o seminário visou formar supervisores de nutrição angolanos que avaliarão se o sistema “para tratar correctamente a criança desnutrida, curar, registar os dados e reportar ao nível superior” está mesmo a funcionar.

“Nós temos 38% das crianças sofrendo de desnutrição crónica em Angola e, das crianças menores de cinco anos, 5% delas padecem de desnutrição aguda”, revelou Joana Abraão, reforçando que “o objectivo da formação é dar ferramentas, capacitar, para se realizar uma supervisão com qualidade”.

A responsável deu também nota de que o próximo Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde está a ser realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e vai fornecer dados mais recentes sobre a situação nutricional.

“O Unicef tem apoiado o governo com trabalho comunitário, garantindo que haja capacitações como esta que estamos a fazer aqui hoje, que o governo tenha os produtos para tratar a desnutrição. Temos feito isso já há muitos anos e vamos agora verificar com o próximo inquérito como está a situação actual”, frisou.

Para o tratamento, prosseguiu Joana Abraão, o governo angolano adquire os produtos e os parceiros de desenvolvimento reforçam a capacidade de resposta das autoridades angolanas.

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