Angola sobe 21 posições no ranking global da liberdade de imprensa mas ainda é o terceiro pior da CPLP
Angola subiu 21 posições no ranking global da liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta sexta-feira, 3, data alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, tornando-se no país lusófono que mais pontos conseguiu e o único em África a crescer.
O ranking do ano passado da Repórteres Sem Fronteiras — uma organização não-governamental internacional que defende a liberdade de imprensa no mundo — colocava Angola na 125.ª posição, numa lista com 180 países. Entretanto, o país passa agora a ocupar a 104.ª posição, alcançando os expressivos 21 pontos, muito embora ainda figure como terceiro pior colocado entre todos os países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).
Na análise ao cenário mediático angolano e fazendo uma resenha dos últimos cinco anos (2017 a 2022), a Repórteres Sem Fronteira destaca a predominância dos media estatais, a censura e a auto-censura dos profissionais e o contexto político, apontando a “incoerente iniciativa de abertura nos media em 2017” por orientação do Presidente João Lourenço.
O mesmo relatório, que aponta a censura e o controlo da informação como factores que “ainda pesam muito sobre os jornalistas angolanos”, assinala que “o partido no poder está presente, de forma excessiva, nos media, especialmente na Televisão Pública de Angola (TPA)”.
A par deste controlo, o relatório refere-se também ao facto de “muitos pedidos de licença [estarem] pendentes”, e acusa o governo de obstruir as iniciativas de pessoas ou grupos de fora do partido no poder.
O relatório da RSF analisa a situação da liberdade de imprensa no mundo mensurando cinco indicadores, a saber: Político, Económico, Legislativo, Social e Segurança. No somatório destes indicadores, Angola obteve os mesmos 48,3 pontos alcançados também no ano passado.
Nos países lusófonos, além da subida acentuada de Angola, Portugal e Brasil também subiram, duas e dez posições, respectivamente. Ao passo que Cabo Verde, que sempre esteve em alta, perdeu oito pontos, passando da posição 36.ª para 41.ª e Timor Leste dez pontos, saindo da posição 10.ª para 20.ª.
A par de Angola, todos os lusófonos africanos perderam pontos. A Guiné-Bissau passou para a posição 92.ª, menos 14 lugares, a Guiné Equatorial saiu da 120.ª para a posição 127.ª, Moçambique saiu da 102.ª para a posição 105.ª, lembrando que São Tomé e Príncipe não tem sido incluído no Índice.
No âmbito geral, a RSF revela que a liberdade de imprensa em todo o mundo está a ser ameaçada pelas mesmas pessoas que deveriam ser o seu guardião: as autoridades políticas, apontando uma média global de 7,6 pontos.