Comitiva do Presidente João Lourenço vaiada no Lobito com insultos, impropérios e gestos de desaprovação
É cada vez mais visível o crescimento dos sinais de impopularidade em relação à figura do Presidente João Lourenço pelo país, e nesta terça-feira, 4, produziu-se mais uma prova disso mesmo: em plena luz do dia, a comitiva em que seguia o titular do Poder Executivo foi abertamente vaiada a altos pulmões, quando chegava ao Lobito, para onde se deslocou para testemunhar a transferência oficial da concessão dos serviços ferroviários e da logística de suporte do Corredor do Lobito.
“Fora” e “vai embora” — e mesmo alguns impropérios indizíveis — foram algumas das palavras de ordem ouvidas num vídeo que viralizou nas redes sociais, através do qual é possível ver sobretudo jovens a gesticularem em sinal de desaprovação da presença do Presidente da República naquela circunscrição do país.
Nas redes sociais, alguns falam em ‘sinais do tempo’, ao passo que outros nem tanto: dizem que se trata simplesmente de um indicador de que João Lourenço é hoje menos popular do que foi até 2020, altura em que começaram a subir de tom as críticas contra o seu governo.
No entanto, a imagem hoje vivida no Lobito contrasta com o ‘ritualismo político’ habitual vivido em ocasiões em que o chefe de governo se desloca às restantes províncias do país, quando era recebido com grandes ovações e uma moldura humana agitando bandeiras.
Habitualmente — aconteceu mais recentemente na província do Uíge — são recrutados e intimidados professores e outros quadros do funcionalismo público — entre médicos, enfermeiros e pessoal administrativo —, para engrossarem o coro de populares que recebe o Presidente da República sempre à chegada à província.
Se Lobito foi hoje um caso de excepção, que está a levantar várias interpretações sobre o impacto político deste gesto, só o tempo poderá ajudar a aclarar as dúvidas e calar as especulações suscitadas por este acontecimento, no mínimo, inusitado envolvendo o chefe do governo angolano.