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BFA acredita que “fenómeno desemprego” em Angola permanecerá desafiador no 4.º trimestre de 2024 por força do baixo nível de actividade económica

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O Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) acredita que a situação do desemprego no país continuará desafiador até ao quarto trimestre deste ano, por causa do baixo nível que se tem registado nas actividades económicas, sobretudo na não petrolífera.

“Para o quarto trimestre de 2024, prevemos que a situação [do desemprego] permanecerá desafiante, alinhada com a evolução abaixo da tendência do nível de actividade económica, sobretudo da economia não petrolífera. O que poderá também estar de algum modo à mercê da possível continuação das reformas dos subsídios aos combustíveis e sobretudo da estabilidade cambial que à semelhança do ano passado, quase levaram a economia a uma recessão técnica”, escrevem os especialistas.

A nota informativa do BFA surge dias depois de o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) ter avançado que o Índice de Desemprego em todo o território nacional aumentou 2,2 pontos percentuais para 31,9% no último trimestre do ano passado, com 80,5% dos empregados a trabalhar no sector informal.

“A taxa de desemprego começou a desacelerar no primeiro trimestre de 2022, em linha com a expansão da actividade económica não petrolífera”

Segundo o ‘Relatório sobre os Indicadores de Emprego e Desemprego ‒ Inquérito ao Emprego em Angola’, do INE, a nível nacional, a maioria das pessoas empregadas (80,5%) encontra-se no emprego informal, das quais 72,2% entre homens e 88,5% entre mulheres.

“A taxa de emprego informal é maior na área rural do que na urbana, com 95,5% e 69,2%, respectivamente”, cita o documento do INE.

Para os analistas do BFA, a desaceleração da actividade económica não petrolífera terá contribuído para aceleração da taxa de desemprego e para redução da taxa de emprego.

“A taxa de desemprego começou a desacelerar no primeiro trimestre de 2022, em linha com a expansão da actividade económica não petrolífera. Porém, subiu no quatro trimestre de 2023, por sinal, altura em que a economia não petrolífera já registava um desempenho bastante inferior se comparado a 2022”, apontam.

“A taxa de emprego até ao final do ano deverá fixar-se perto dos 60%-62%, ainda abaixo do máximo atingido no quarto trimestre 2019. Em 2024 como um todo, o mercado de trabalho deverá continuar a ser desafiador”

De acordo com o cálculo dos analistas do BFA, o aumento em 2,3 pontos percentuais na taxa de desemprego representa um crescimento absoluto de cerca de 543 mil pessoas da população economicamente activa sem ocupação laboral.

Em relação aos números do emprego, os analistas daquela instituição bancária referem que a tendência vem no mesmo sentido que a actividade económica.

“Os nossos cálculos apontam que foram criados cerca de dez mil postos de trabalho entre o quarto trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2023. A taxa de emprego, ao contrair cerca de 2,5 pontos percentuais para 60,7%, levou o mercado a não absorver e manter um número total de 327 mil pessoas no desemprego”, escrevem, acrescentando que a perspectiva para 2024 é a de que a situação no mercado de trabalho continue bastante dificultada, com melhorias limitadas.

“A taxa de emprego até ao final do ano deverá fixar-se perto dos 60%-62%, ainda abaixo do máximo atingido no quarto trimestre 2019. Em 2024 como um todo, o mercado de trabalho deverá continuar a ser desafiador. Esperamos, no geral, um crescimento de 2,6% da actividade económica não petrolífera, abaixo dos 4% — a média tendencial; o que não terá impactos muito significativos na criação de emprego, considerando os usuais efeitos desfasados da melhoria das condições económicas das empresas na criação de emprego”, concluem.

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