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Bastonária da Ordem dos Médicos acusada de planear alteração do estatuto para se manter no cargo

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A bastonária da Ordem dos Médicos de Angola (ORMED), Elisa Pedro Gaspar, cujo mandato termina em Março deste ano, está a ser acusada de pretender fazer aprovar alterações ao estatuto, com o objectivo de permanecer no cargo por mais um ano. Entre Novembro e Janeiro, a bastonária devia ter convocado as eleições para Março, data em que deve cessar mandato, mas não o fez.

De acordo com as declarações do presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), Adriano Manuel, à Rádio MFM, a actual bastonária Elisa Gaspar “aproveitou-se de um acto comemorativo em alusão ao Dia do Médico — celebrado a 18 de Outubro —, ocorrido na província do Huambo, para convocar um grupo de médicos, a fim de aprovar um estatuto alterado por ela”.

Tendo em vista a situação, Adriano Manuel apelou aos profissionais da província do Huambo a não participarem no último dia da assembleia que pretende revogar os estatutos em vigor, por entender que “a bastonária pretende convocar a assembleia com a intenção de justificar os gastos que fez com o dinheiro da Ordem, acto reprovado pela classe médica”.

“Não participem na assembleia que vai revogar os estatutos, porque a revogação destes estatutos influenciam negativamente para que a doutora Elisa se perpetue”, apelou o médico.

Adriano Manuel acusa Elisa Gaspar de fugir o contacto com os associados e não realizar a assembleia em Luanda, por não querer ser indagada sobre a forma como tem gerido a Ordem dos Médicos de Angola, havendo provas documentais que atestam o mau uso do dinheiro da instituição [de que é acusada de desviar].

O presidente do sindicato dos médicos afirma que os profissionais entendem que a bastonária não é “a pessoa ideal” para continuar a conduzir os destinos da Ordem, pelo facto de, durante os seus três anos de mandato, não ter convocado nenhuma assembleia e por não estar alinhada com os objectivos pelos quais a ORMED foi criada.

Elisa Gaspar é também acusada de demonstrar falta de solidariedade para com a classe médica, por não ter produzido informações que ajudassem o governo angolano a adoptar políticas importantes em relação à covid-19 desde o início da pandemia e por não se ter pronunciado em relação à greve dos médicos.

O médico nefrologista Matadi Daniel, também em declarações à Rádio MFM, considerou “inaceitável” a intenção da “bastonária destituída” querer prorrogar o seu mandato para mais um ano. No entanto, reconhece que ela tem todo o direito de tentar novamente manter-se no leme da Ordem, mas num contexto eleitoral.

“A bastonária destituída por cerca e 4500 médicos, há dois anos e meio, termina em Março deste ano o seu mandato e de forma surreal e inqualificável, quer alterar os estatutos da Ordem dos Médicos que é a nossa bússola e a nossa constituição, alterando-os para prorrogar o seu mandato por mais dois anos. Isso é inaceitável”, reagiu o médico Matadi Daniel, para quem “a bastonária destituída, se quiser concorrer às eleições, pode fazê-lo, porque está no seu direito estatutário. Agora, não pode alterar os estatutos da Ordem a três meses do final do seu mandato, para prorrogar a sua vigência”.

“Não podemos estar a permitir que haja atropelos desta índole, porque uma Ordem dos Médicos que durante os dois anos de pandemia não produziu conhecimento científico nenhum para ajudar o Estado angolano a combater a pandemia, perante esta incompetência, não é aceitável que haja continuidade do seu mandato”, afirmou.

Elisa Pedro Gaspar foi destituída do cargo de bastonária em assembleia geral extraordinária da Ordem dos Médicos, realizada em Outubro de 2020, sob acusação de ter desviado 19 milhões de kwanzas e outros bens patrimoniais.

*Com a Rádio MFM

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