Isto É Notícia

Angola cai 26 posições no ranking global da liberdade de imprensa e torna-se no pior da CPLP

Partilhar conteúdo

Angola caiu 26 posições no ranking global da liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta quarta-feira, 3, data alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

O ranking da Repórteres Sem Fronteiras — uma organização não-governamental internacional que defende a liberdade de imprensa no mundo — do ano passado colocava Angola na 99.ª posição, numa lista com 180 países. Agora, o país passa a ocupar a 125.ª posição, tornando-se no pior colocado entre todos os países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).

A queda acentuada de Angola é justificada no relatório da RFS a com o facto de se ter verificado uma deterioração de alguns factores considerados na análise, como a segurança dos jornalistas, a pressão política, a ausência de pluralidade e a fragilidade social.

Na análise ao cenário mediático angolano e fazendo uma resenha dos últimos cinco anos (2017 a 2022), a Repórteres Sem Fronteira’ destacou a predominância dos media estatais, a censura e a auto-censura dos profissionais e o contexto político, apontando a “incoerente iniciativa de abertura nos media em 2017” por orientação do Presidente João Lourenço.

O relatório, que se refere à censura e ao controlo da informação como factores que “ainda pesam muito sobre os jornalistas angolanos”, aponta que “o partido no poder está presente, de forma excessiva, nos media, especialmente na Televisão Pública de Angola (TPA)”, agravado ao facto de “muitos pedidos de licença [estarem] pendentes”, e acusa o governo de obstruir as iniciativas de pessoas ou grupos de fora do partido no poder.

“O panorama mediático angolano é marcado pela predominância dos media estatais. Das cerca de 120 estações de rádio, apenas 20 são privadas, duas das quais são consideradas independentes: a Rádio Ecclesia, ligada à Igreja Católica, e a Rádio MFM”, destaca o relatório da RSF.

“Em 2020, os dois veículos privados TV Zimbo e Palanca TV passaram a ser controlados pelo governo. Dos muitos jornais privados que surgiram com o advento da política multipartidária em 1992, apenas quatro ainda existem em versão impressa”, avança o relatório.

No que respeita à situação económica dos órgãos de comunicação social, a RSF dá conta que, nos últimos anos, muitos jornais faliram depois de serem comprados por pessoas ligadas ao partido no poder, sendo que outros não sobreviveram devido a dificuldades financeiras.

“Os custos exorbitantes das licenças de rádio e televisão constituem um freio ao pluralismo” de expressão, reforça o relatório.

O relatório da Repórteres Sem Fronteiras analisa a situação da liberdade de imprensa no mundo mensurando cinco indicadores, a saber: Político, Económico, Legislativo, Social e Segurança. No somatório destes indicadores Angola atingiu um total de 48.3 pontos.

Nos países lusófonos, além da queda acentuada de Angola e de Portugal, Cabo Verde perdeu igualmente alguns lugares, passando da posição 33.ª para 36.ª, ao passo que o Timor Leste saiu da posição 17.ª para 10.ª.

A Guiné-Bissau passou para a posição 78.ª, mais 14 lugares, assim como também o Brasil, que saiu da 110.ª para a posição 92.ª. Moçambique, que em 2022 estava em 116.ª, subiu quatro lugares, 102.ª, enquanto a Guiné Equatorial melhorou saindo da posição 141.ª para a 120.ª.

ISTO É NOTÍCIA

Artigos Relacionados