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Agência Standard & Poor’s revela que Angola está a negociar financiamento com três bancos externos para pagar a sua dívida pública

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A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) revelou, nesta quinta-feira, 11, que o governo angolano está a negociar com três bancos estrangeiros financiamentos de cerca de 1,5 mil milhão de dólares norte-americanos para ajudar a pagar a sua dívida pública.

Num compilado de ‘Perguntas e Respostas sobre Angola’, com o intuito explícito de esclarecer os investidores, a S&P destacou as questões mais frequentes feitas por estes e as consequentes respostas, com foco sobretudo na questão da dívida pública, que subiu de 65%, em 2022, para 90% do do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, como resultado da desvalorização de 39% do kwanza.

“O governo de Angola continua a gerir os seus pagamentos de dívida e a envolver-se com os credores para ter fontes adicionais de financiamento”, escreve a S&P no seu site oficial, apontando que o executivo “está em discussões com três bancos externos [sem avançar nomes] sobre mecanismos de liquidez, num total de cerca de 1,5 mil milhão de dólares, para ajudar a cumprir os pagamentos”.

“Prevemos que o governo tenha recursos suficientes para pagar a sua dívida, de acordo com o perfil de pagamentos nos próximos dois anos”, escrevem os analistas da S&P, salientando que o Ministério das Finanças, liderado por Vera Daves de Sousa, “está a gerir os futuros pagamentos de dívida, o que deve reduzir a pressão”.

No entanto, os especialistas daquela renomada agência de ratings acrescentam que “a capacidade de Angola pagar a dívida depende dos preços do petróleo se manterem acima dos 65 dólares e a produção adequada”, o que não deve ser problema, já que a previsão da S&P para o preço do barril aponta para 85 dólares este ano e 80 dólares até 2027, com a produção a manter-se entre os um milhão e 1,1 milhão de barris diários.

Neste e no próximo ano, Angola enfrenta um aumento dos pagamentos da dívida pública contraída nos últimos anos, tendo que pagar 4,5 mil milhões de dólares este ano e mais 5,1 mil milhões de dólares no próximo em dívida comercial.

De acordo com a S&P, as principais perguntas que os investidores fazem estão relacionadas com a predominância do sector petrolífero em Angola e as implicações para as finanças públicas; o impacto da taxa de câmbio na vulnerabilidade financeira do país; o impacto dos protestos populares na implementação das reformas económicas; para além do volume da dívida e a composição dos credores.

De forma resumida, no quadro cambial, os especialistas reforçam a ideia de que “o governo angolano terá manifestado o interesse em emitir títulos no mercado local, vinculados ao dólar norte-americano, com vencimentos de sete a dez anos”.

“Embora isto possa reduzir a procura de moeda forte, possivelmente apoiando a taxa de câmbio durante os próximos meses, aumentará ainda mais a exposição do governo a futuros reembolsos de dívida em moeda estrangeira. No nosso cenário base, com base nessa marcha, esperamos uma depreciação monetária modesta de cerca de 4% ao ano até 2027, a partir do colapso de 39% em 2023”, alertam.

O relatório da S&P, com o tema ‘Perguntas frequentes sobre crédito: Desvendando as vulnerabilidades da dívida de Angola’ é divulgado poucos dias depois de o Presidente João Lourenço ter autorizado as Finanças a contrair, junto do Standard Bank, um empréstimo de 500 milhões de dólares norte-americanos, e após o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter revelado que o crescimento económico angolano foi de 0,9% no ano passado, reflectindo uma quebra de 0,3% no quarto trimestre de 2023 face ao anterior e uma expansão de 1,4% face ao último trimestre de 2022.

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