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Activista cívico benguelense está a caminho de Luanda a pé em protesto contra as “irregularidades eleitorais”

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Um activista cívico da província de Benguela vai percorrer cerca de 543km de estrada a pé como gesto de protesto contra as alegadas “irregularidades” constatadas no mais recente processo eleitoral que reelegeu João Lourenço como Presidente da República de Angola.

João Trumba Guerreiro, nascido e residente na Ganda, um dos municípios da província de Benguela, saiu da sua terra natal na passada quinta-feira, 31 de Agosto, com destino a Luanda, tendo encetado uma caminhada que o próprio, num vídeo posto a circular nas redes sociais nesta segunda-feira, 5, classificou como “um manifesto contra a maneira imprópria como foram e são tratados os assuntos eleitorais”.

Sob o lema ‘Stop Fraude’, no mesmo vídeo, o activista aparece em repouso na cidade do Sumbe, município da província do Kwanza-Sul, onde de forma descontraída, e em conversa com um dos membros do Movimento Cívico Mudei, explica que a ideia surgiu juntamente com quatro outros activistas, mas que sem quaisquer razões estes acabariam por desistir bem no momento final dos preparos.

Sobre a caminhada, o activista explica que “o objectivo é trazer o maior número de pessoas ao campo das informações ligadas à fraude eleitoral e transmitir à comunidade nacional e internacional a falta de seriedade das instituições angolanas, sobretudo a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o Tribunal Constitucional e o partido que governa”.

João Trumba fundamenta os seus argumentos no facto dos actores mencionados “insistirem na inviabilização da democracia, tendo em conta as inúmeras irregularidades antes e durante o processo eleitoral que deu vitória ao MPLA com 51,17% dos votos”, explicando que “este protesto não é só contra um determinado partido político, mas contra todos”. “O que se pretende é atingir a verdade eleitoral, seja qual for o partido, só queremos transparência nesse processo que é de todos nós”, salientou.

João Guerreiro caminha em passos largos com uma mochila às costas, na qual transporta uma tenda de campismo, um casaco para se proteger do frio, uma garrafa de água de 1,5cl, bálsamo, pó talco e creme anti-inflamatório para os pés.

“Constatei que em algumas aldeias onde passei não havia água potável e muito menos alimento, ou seja, são povos esquecidos, mas eu estava com fome, e para continuar a caminhar tive que me adaptar, comi rato assado no almoço de hoje”, contou o activista num vídeo partilhado pelo Movimento Cívico Mudei.

João Trumba diz ainda sentir-se preocupado por ter alguns dos seus companheiros activistas presos, por conta das “prisões arbitrárias que ocorreram no município do Lobito, no dia das eleições”.

A CNE divulgou no dia 29 do transacto mês a acta de apuramento final das eleições gerais de 24 de Agosto, com os seguintes resultados: MPLA (51,17% dos votos), UNITA(43,95%), PRS (1,14%), FNLA (1,06%), PHA (1,02%), CASA-CE (0,76%), APN (0,48%) e P-NJANGO (0,42%).

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