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ACJ voltou a reclamar vitória eleitoral e justificou resignação com o evitar de um “banho de sangue”

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O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, voltou, nesta quarta-feira, 21, a reivindicar vitória nas eleições gerais de 24 de Agosto último — oficialmente ganhas pelo MPLA com 51% dos votos —, alegando que o seu partido e parceiros da Frente Patriótica Unida (FPU) foram obrigados a ceder, sob pena de verem o país a enfrentar um desnecessário “banho de sangue”, em caso de contestação dos resultados.

O líder da maior força política na oposição, que discursava na cerimónia de cumprimentos de fim de ano, numa das unidades hoteleiras da capital, reconheceu o difícil percurso feito ao longo do ano de 2022, sobretudo por conta dos obstáculos enfrentados antes, durante e depois da realização do sufrágio universal.

“2022 é ainda o ano que fica marcado pela mais renhida disputa eleitoral, em que os vencedores cederam para evitar um desnecessário banho de sangue, projectado e pré-anunciado com a exibição de um portentoso desfile e exibição pública de forças castrenses prontas a agir, para, entre outros fins, silenciar as forças democráticas da sociedade por outras dezenas de anos”, assinalou o político.

A cerimónia — que contou com a presença do presidente do Bloco Democrático (BD), Filomeno Vieira Lopes; do coordenador do projecto político PRA-JA – Servir Angola, Abel Chivukuvuku; com membros da sociedade civil, do corpo diplomáticos e com altos responsáveis da UNITA — serviu também para, em jeito de balanço, Adalberto Costa Júnior apontar ganhos importantes, sobretudo, pelo facto de se ter quebrado a hegemonia do MPLA a nível parlamentar.

Para o líder da UNITA e também coordenador da FPU, o empenho, dedicação e trabalho abnegado de todos aqueles que a eles se juntaram conseguira, “apesar da batota”, pela primeira vez, em 45 anos, haver em Angola um Parlamento sem a maioria qualificada do MPLA, o que, na perspectiva da ACJ, poderá proporcionar “ao país que as mais relevantes reformas tenham respaldo na Constituição e se venham a efectivar com base na negociação política”.

“O regime construiu-se na cultura da hegemonia e os tempos apontam para a reforma das mentalidades e do “tudo quero, tudo posso, tudo mando”. Por Angola, tudo é possível realizar, abraçando a cultura do diálogo e a reforma incontornável do Estado partidário”, considerou o presidente da UNITA.

De resto, um feito justificado por Adalberto Costa Júnior pela “visão inclusiva, anunciada e explicada dentro e fora do país”, e que lhes permitiu obter, “em nome e no interesse das forças democráticas, uma das mais significativas vitórias depois da paz armada”.

“Portanto, não abdicaremos de exigir que o Presidente da República seja eleito directamente pelos cidadãos e não à boleia de eleições para o Parlamento! Não abdicaremos por uma administração eleitoral equidistante dos concorrentes, mais transparente e credível”, prometeu.

Por outro lado, Adalberto Costa Júnior lamentou que tivesse sido um ano de sucessivas batalhas, e boa parte delas relacionadas com um passado de muito má memória, como o caso do “retorno às prisões políticas de jovens activistas”, assim como o surgimento “de intimidações de todo o tipo e de tentativas de supressão do direito à livre expressão dos jornalistas”.

O “vilipendiar dos direitos dos professores e estudantes por condições mais dignas e salários mais justos; por idênticas reivindicações, por direitos e salário digno dos enfermeiros, médicos e trabalhadores do poder judicial”, são todas elas reclamações destacadas como parte integrante do leque de situações enfrentadas num ano “particularmente difícil”.

Num outro quadrante, com uma inclinação menos política e mais socioeconómica, o líder da UNITA criticou que, em 2022, tivesse continuado “esquecida a agricultura familiar e o apoio às micro e pequenas empresas, para os que não têm padrinhos e cunhas nos governantes e no partido que o sustenta”.

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