ACJ critica “modelo fracassado” de diversificação económica e denuncia milhões de USD aplicados em “esquemas colossais de esbulho do erário”

O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, criticou, nesta quarta-feira, 8, o “modelo” de diversificação económica seguido pelo actual governo, que considera basear-se em “meros decretos presidenciais” e na “disseminação de propaganda política enganosa”. O líder da oposição denunciou um sem número de projectos agro-pecuários que resultaram em perdas de milhões de dólares para os cofres do Estado.

Discursando na abertura da ‘Conferência sobre os desafios Económicos e o OGE’, promovido pelo ‘Governo Sombra’ do seu partido, Adalberto Costa Júnior defendeu que “a diversificação económica se faz com trabalho árduo, dedicação, ciência, competitividade, mercado aberto, espírito de missão e transparência nos actos públicos”, e não através de “meros decretos presidenciais e disseminação de propaganda política enganosa nos meios de comunicação social”.

O líder da UNITA elencou uma série de ‘ensaios’ feitos com o dinheiro do Orçamento Geral do Estado pelo governo do MPLA, que acabaram em danos incalculáveis para o país. É o caso da Gesterra, que classificou como um “exemplo de esquema colossal de esbulho do erário”.

“A empresa pública foi criada para investir nas localidades de Longa, Pedras Negras, Cubal, Quizenga, Camacupa, Cuimba, Manquete, Nzeto, Sanza Pombo, Camaiangala, Negage e Luena, e assim produzir arroz, milho, soja, feijão e a criação de gado bovino, suino e aves, mas pouco ou nada vimos dessa produção. No entanto, pasme-se, a Gesterra abocanhou um investimento público de 800 milhões de dólares, em parcelas anuais de 60 milhões de dólares”, relatou.

Entretanto, acrescentou o presidente da UNITA, “o executivo actual privatizou as referidas fazendas sem trazer a público qualquer nota de balanço”. Uma situação que, segundo Adalberto Costa Júnior, se repete também na Sociedade de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda, tendo esta beneficiado de um apoio do Estado angolano no valor de 545 milhões, 336 mil e 536 dólares, com a finalidade de promover o desenvolvimento e incentivar a produção de açúcar, feijão, arroz, milho, etanol e energia eléctrica.

“Temos a Fazenda Agro-pecúaria de Cacanda, na província da Lunda-Norte, onde de 2010 a 2015 foram desperdiçados 70 milhões, 470 mil e 360 dólares, sem ter deixado sinais que mostrem algum tipo de fomento agrícola numa região cujos diamante têm sido sugados como se suga, até secar, a teta de uma vaca”, enumerou Adalberto Costa Júnior, apontando igualmente o caso do Pólo Agro-industrial da Quiminha, onde investidos 404 milhões, 872 mil e 561 dólares.

Um outro exemplo do que o líder da UNITA chamou de “esbulho do erário” é o Pólo de Desenvolvimento de Camabatela, na província do Kwanza-Norte, onde se investiu também 74 milhões, 126 mil e 978 dólares. Porém, Adalberto Costa Júnior não tem ilusões a respeito do mesmo: “Todos sabemos o engano que tem sido esse projecto pecuário nitidamente ineficiente”.

“Sabem quanto custaram aos cofres do Estado o finado PRESILD, rede dos supermercados Nosso Super e a cadeia Poupa-lá? Nada mais nada menos do que 600 milhões de dólares. O Programa de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza, consumiu dos cofres do Estado cerca de cinco mil milhões de dólares e não retirou da pobreza quem beneficiou destes dinheiros, porque um dos objectivos é manter o povo de mão estendida e dependente”, sustentou.

Para Adalberto Costa Júnior, todos estes exemplos espelham “falta de visão e de patriotismo”, na liderança do país, uma vez que todos os valores expressos tiveram como origem o Orçamento Geral do Estado, porém, com efeitos nulos, não tendo a diversificação da economia saído do papel. “E é desta forma que se vão desperdiçando os recursos financeiros estratégicos que deveriam servir para o real crescimento e desenvolvimento de Angola”, atirou.

Estiveram no encontro várias personalidades, com destaque para Filomeno Vieira Lopes e Abel Chivukuvuku.