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VIII Congresso Extraordinário cumpre ‘objectivo estratégico’ de JLo, eleva Mara Quiosa a vice e pode ter aberto o caminho para Ana Dias Lourenço em 2026

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O objectivo estratégico de João Lourenço, a pretexto de um alegado “rejuvenescimento” dos órgãos como o Bureau Político (BP) e o seu Secretariado, foi, nesta terça-feira, 17, alcançado com o mínimo de esforço, num congresso extraordinário em que o líder do MPLA, para além de alterar o polémico artigo 120.º dos estatutos do partido, saiu muito mais reforçado do que já estava.

Envolta em polémica desde que se deu a conhecer a agenda de trabalho, o VIII Congresso Extraordinário do MPLA visou sobretudo ‘fazer as vontades’ de uma agenda meticulosamente desenhada à medida do líder, que os analistas entendem como sendo uma forma ardilosa e anti-democrática de João Lourenço continuar a manter o controlo das rédeas do partido e, por essa via, consolidar uma linha de influência junto do próximo Presidente da República, ainda que de forma indirecta.

Sem oposição à altura, uma vez que o Tribunal Constitucional (TC) já havia indeferido a providência cautelar requerida pelo pré-candidato António Venâncio, nem mesmo o anúncio de pré-candidatura ao cargo de presidente do partido do jornalista Valdir Cônego, membro do CC, serviu de embalo para a abertura de uma ‘nova frente interna’ que freasse os objectivos e apetites estratégicos de João Lourenço.

Para surpresa de alguns, a agenda de João Lourenço falou mais alto e, afinal, não passava apenas e só por fazer aprovar uma nova redacção do artigo 120.º, — que lhe dá garantias mais do que suficientes para manietar o próximo candidato à Presidência e Vice-Presidência do país — que até então previa que “o presidente do partido encabeça a lista de candidatos, pelo círculo nacional, sendo candidato a Presidente da República”.

Com a nova redacção, os candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República passam a ser designados pelo Comité Central (CC), porém, sob proposta do Bureau Político, ambos os órgãos controlados pelo líder do partido, abrindo assim uma larga margem para uma nova bicefalia; essa mesma bicefalia combatida por João Lourenço em 2018, quando José Eduardo dos Santos mantinha a liderança do partido, após 38 anos de consulado, e ele apenas a Presidência do país.

Com a alteração do referido artigo, João Lourenço consegue um primeiro, mas importante passo, para os seus intentos estratégicos sem encontrar qualquer resistência de maior. Contudo, não era tudo quanto tinha reservado para os seus correligionários. A sua agenda viria a revelar-se ainda mais imprevisível quando um segundo objectivo, até ali desconhecido, foi objecto de apreciação: a substituição da agora ex-vice-presidente do MPLA Luísa Damião. Em seu lugar, o CC indicou Mara Quiosa, antiga governadora de Cabinda e do Kwanza-Sul.

Ana Dias Lourenço é opção

Com o fim do VIII Congresso Extraordinário, João Lourenço marca um passo relevante para aquilo que são os seus ‘objectivos estratégicos’, que passam por manter o controlo da ‘máquina’ partidária e, por conseguinte, indicar alguém que lhe seja leal e, acima de tudo, que possa salvaguardar-lhe as costas, já que está impedido, pela Constituição, de concorrer a um terceiro mandato à frente da Presidência da República.

Com estes novos acontecimentos, João Lourenço está teoricamente em condições de influenciar e impor ao Bureau Político e ao CC quem ele quiser ver à liderar os destinos do país em 2027, estando na linha de sucessão nomes sonantes como, por exemplo, o da primeira-dama da República, Ana Dias Lourenço.

Nos corredores do poder, há quem aponte já sem hesitação que Ana Dias Lourenço tem o caminho pronto para chegar ao poder pelas mãos do próprio marido, com o ‘patrocínio democrático’ do BP e do CC, em 2026, quando se realizar o congresso ordinário de renovação de mandatos.

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