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UNITA defende que destituição de João Lourenço não é um fim em si mesmo, mas o primeiro passo para facilitar a desconstrução das políticas que levaram à falência do Estado

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A UNITA recorreu, nesta segunda-feira, 14, ao slogan do programa eleitoral do MPLA de 2017 para justificar a proposta de acusação e destituição do Presidente da República, que define como “o primeiro passo para a desconstrução do sistema que nos amarra a todos e que bloqueia o desenvolvimento do país”.

Na última declaração política trimestral do primeiro ano legislativo da V Legislatura, o líder do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, não “poupou nas palavras” e revisitou o slogan do MPLA “corrigir o que está mal, melhorar o que está bem” para explicar as razões que levam o maior partido na oposição a levar adiante a pretensão de destituição do Presidente da República.

“A destituição do Presidente da República é a concretização do mote da política nacional ‘corrigir o que está mal, melhorar o que está bem’. É o primeiro passo para a desconstrução do sistema que nos amarra a todos e que bloqueia o desenvolvimento do país. Angola precisa de novas lideranças para construir um novo país e garantir um futuro seguro e próspero para as nossas crianças”, referiu o líder da bancada parlamentar da UNITA, elencando um conjunto de argumentos para justificar a iniciativa do seu partido:

“Destituir o nosso Presidente não é um acto de humilhação, nem de desonra. Pelo contrário, é um acto de afirmação da soberania do povo e do triunfo da democracia; destituir o Presidente da República é um acto de maturidade política e de coragem patriótica; destituir o Presidente da República é um acto de grandeza ética e moral e de elevação humana.”

Liberty Chiyaka explicou o recurso ao slogan do MPLA combinando-o com um outro: o do líder-fundador do seu partido, sobre a agenda de prioridades no país: “Destituir o nosso Presidente para ‘corrigir o que está mal e melhorar o que está bem’ é a demonstração mais sublime de que, para as lideranças angolanas, Angola está em primeiro lugar, o angolano está em primeiro lugar, o angolano está em segundo lugar, o angolano está em terceiro lugar, o angolano está sempre no centro das decisões políticas”.

Para o político, quando Angola der este passo, o mundo vai passar a respeitá-la mais, assim como Angola deixará de ser conhecida como o país da corrupção, da ditadura, da pobreza e da fome, das desigualdades e violações dos Direitos Humanos fundamentais, do sequestro do poder judicial e da imprensa pública.

“Deixaremos de ser conhecidos como o país que persegue adversários políticos; deixaremos de ser conhecidos como o país da impunidade, da falta de transparência, da má governação e da adjudicação directa às empresas dos amigos, familiares e camaradas de partido. Passaremos a ser conhecidos como o país da responsabilização”, ressaltou.

Para isso, a UNITA defende que é preciso “corrigir definitivamente o que está mal no país”, indo à raiz dos problemas, que é, a seu ver, “o sistema e a cultura de governação, fundados na mentalidade monolítica e na supremacia de um partido-Estado”.

Sendo o Presidente da República o rosto principal, o chefe do referido sistema e o único Titular do Poder Executivo, a UNITA entende que “se os desvios e as violações sistémicas à Constituição que atentam gravemente contra o Estado de Direito são praticados pelo Presidente da República, então é o Presidente que precisa de ser responsabilizado e mudado”.

“Mudando a chefia do Estado, muda também a chefia do governo e abrem-se as janelas para entrar ar fresco no Kremlin; ar fresco para abrir as mentes, arejar o debate e revelar o contraditório para fortalecer a democracia; ar fresco para capacitar e promover novas lideranças com uma nova maneira de ver e sentir Angola, fundada na legalidade e na supremacia da Constituição”, salientou.

Para o Liberty Chiyaka, só assim vai começar a desconstrução do regime autocrático, já que, segundo defendeu, “a destituição do Presidente não é um fim em si mesmo”, mas “o primeiro passo para facilitar a desconstrução das políticas que levaram à falência do Estado”.

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