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UNITA considera que operação de escavações na Jamba “mais se parece com propaganda política e não com a busca do apaziguamento de espíritos”

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O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA manifestou-se, nesta sexta-feira, 4, “surpreso” com a operação de buscas e escavações em sítios presumíveis de deposição de restos mortais, dirigida pelo chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), Fernando Garcia Miala, nas áreas do sudeste do Kuando Kubango, particularmente na Jamba — antigo ‘quartel-general’ das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), o ex-braço armado do maior partido na oposição.

Num comunicado tornado público nesta sexta-feira, o órgão da UNITA informa que tomou conhecimento das referidas actividades através dos seus representantes na Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), sem que a mesma tivesse reunido os seus membros, que acabaram também “surpreendidos pelas notícias passadas pela TPA e RNA, nos dias 2 e 3 do mês corrente”.

“A UNITA insta a CIVICOP a recuperar o objecto da sua criação, no âmbito da pacificação dos espíritos e de reconciliação e retomar a metodologia já aprovada, a fim de se credibilizar os resultados da sua criação”, apela o maior partido na oposição, considerando que “a equipa em operação no referido território incorre em violações técnicas, metodológicas, científicas, de falta de transparência”, já que os “sítios ficam viciados e sem as necessárias testemunhas no quadro da CIVICOP, que deveriam validar os resultados dessa operação”.

“A operação que decorre na Jamba, neste momento, parece-se mais com uma actividade de propaganda política e não a busca do apaziguamento de espíritos, de acordo com os princípios abraçados pela CIVICOP – Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos, cujo lema é ‘Abraçar e Perdoar’”, lamentou a UNITA.

Em conclusão, a nota do partido fundado por Jonas Savimbi, explica que “mais uma vez se demonstra por estas acções o quanto as instituições angolanas estão mal servidas de intérpretes, que não se reconciliam consigo próprios e que se mostram incapazes de construírem um verdadeiro Estado democrático e de direito, com uma cultura de diálogo e de paz”.

O governo anunciou esta semana que decorrerem, no Kuando Kubango, operações para “identificação de locais para exumação dos corpos das vítimas de Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA”. Para tal, encontrava, até esta sexta-feira, 4, na localidade da Jamba, o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), que chefiou a delegação da CIVICOP.

Criada por Decreto Presidencial, em Abril de 2019, a CIVICOP tem por missão elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos ocorridos em Angola, no período de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002.

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