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UNITA anuncia saída da CIVICOP e lamenta que órgão se tenha transformado numa “estrutura à mercê da propaganda fermentada nos laboratórios de ódio do regime”

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A UNITA voltou a condenar, nesta quinta-feira, 21, a actuação da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), e anunciou, em conferência de imprensa, a sua retirada da mesma, por compreender que esta esteja a fazer o jogo do MPLA, ao “destilar um sentimento de ódio”, que tem abalado os pilares da verdadeira reconciliação.

“O nosso partido declina a sua participação neste organismo, por ele permanecer refém dos interesses espúrios do regime, como temos observado em diversos eventos e situações ocorridos ultimamente, não servindo assim para os fins que presidiram à sua criação: os da reconciliação nacional e da pacificação dos espíritos em Angola”, anunciou o líder da UNITA, em conferência de imprensa.

Adalberto Costa Júnior, que falava na sede do partido, descreveu a actual CIVICOP como “uma estrutura à mercê da propaganda fermentada nos laboratórios de ódio do regime” e como “uma correia de transmissão da ‘pequena política’ destilada pelo MPLA”, que tem como “actores indivíduos que viraram às costas à ética, à deontologia profissional e ao espírito patriótico”.

Após anunciar a retirada da UNITA da CIVICOP, o líder da oposição começou por contextualizar as razões da decisão tomada, elogiando inclusive o anterior coordenador, o ex-ministro da Justiça e Direitos Humanos Francisco Queiroz, cuja postura e actuação reconheceu como tendo sido “prudente e responsável”, o que ajudou a não pôr “em causa os objectivos de reconciliação e pacificação, combatendo-se as acções dos agentes da estigmatização”.

No entanto, de um tempo a esta parte, enfatizou Adalberto Costa Júnior, verifica-se “uma deriva nos objectivos, métodos e princípios pelos quais se deveriam guiar os trabalhos da CIVICOP”.

“Supostos especialistas de Medicina Legal, ao serviço do regime, profanam sepulturas sem obedecer às normas e critérios técnicos universalmente aceites nos processos de busca e identificação de ossadas, enquanto os seus correligionários da Televisão Pública de Angola se entregam a difundir peças de propaganda hostil, exclusiva e essencialmente direccionadas contra a UNITA”, acusou.

“A credibilidade da CIVICOP e do governo angolano está totalmente posta em causa, quando aqueles que levaram até ao final a verificação das ossadas, concluíram que as mesmas não pertenciam aos seus entes queridos”

Para o líder da UNITA, o declinar da participação do seu partido no organismo se deve também ao facto de este permanecer “refém dos interesses espúrios do regime”, tal como têm vindo a observar em diversos eventos e situações ocorridos nos últimos tempos, “não servindo assim para os fins que presidiram à sua criação: os da reconciliação nacional e da pacificação dos espíritos em Angola”.

“CIVICOP tem sido um órgão envolvido em ciladas e embustes”

Adalberto Costa Júnior recorreu às declarações do então ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, proferidas a 25 de Setembro de 2019, quando este definiu o objectivo da comissão como sendo: “o perdão, a paz das almas e afastar das mentes o estigma dos conflitos, promover a irmandade entre os cidadãos angolanos, explicando que a divisa da campanha é abraçar e perdoar, estando toda a sociedade envolvida, incluindo as igrejas”.

No entanto, sublinhou, “de lá para cá, a CIVICOP tem sido, efectivamente, um órgão envolvido em permanentes ciladas e embustes”, e com um outro objectivo: o de “limpar e branquear as nódoas de sangue da sua própria história [do regime]”.

Entrega das ossadas às famílias não foi efectuada por uma Comissão Médica

Adalberto Costa Júnior explicou também o porquê de o seu partido não ter contestado e nem ter optado por fazer exames de verificação aos restos mortais que foram entregues pela CIVICOP, por ter entendido “os elevados riscos de não confirmação das ossadas”, tendo decidido “abraçar a mensagem de Paz e Reconciliação genuínas, tão necessárias a uma sociedade que já tanto sofreu”.

“A credibilidade da CIVICOP e do governo angolano está totalmente posta em causa, quando aqueles que levaram até ao final a verificação das ossadas, concluíram que as mesmas não pertenciam aos seus entes queridos. Infelizmente, a entrega das ossadas às famílias não foi efectuada por uma Comissão Médica, ou por uma organização independente das partes envolvidas no conflito, nomeadamente uma qualquer Comissão liderada por personalidades credíveis da sociedade, no sentido de trazer credidibilidade”, lamentou, acrescentando:

“A entrega das ossadas foi efectuada pelo chefe do Serviço de Inteligência do regime (o mesmo que fechou os olhos às valas comuns do 27 de Maio em Luanda e por todo o país e lidera as campanhas de intoxicação em conjunto com a imprensa partidária).”

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