Trafigura e a ‘joint venture’ canadiana Ivanhoe Mines são os primeiros clientes do Corredor do Lobito
O consórcio Lobito Atlantic Railway (LAR), formado pela Mota-Engil, Trafigura e Vecturis, que ganhou a concessão por 30 anos para a operação, gestão e manutenção do Corredor do Lobito, e do terminal mineraleiro do porto da mesma cidade, já tem os seus primeiros dois clientes.
Um deles é a própria Trafigura e o outro o ‘Complexo de Cobre Kamoa-Kakula’, situado na República Democrática do Congo, uma joint venture entre a Ivanhoe Mines, do Canadá, e a Zijin Mining, da China.
De acordo com um comunicado, os acordos, sujeitos a cláusulas de confidencialidade, foram assinados na terça-feira, 6, durante a ‘Mining Indaba’, evento que reúne anualmente na Cidade do Cabo, na África do Sul, os protagonistas da indústria mineira nacional.
O Corredor do Lobito prolonga-se por cerca de 1.300 quilómetros em território nacional, continuando depois por 400 quilómetros na República Democrática do Congo (RDC).
Os entendimentos, como é explicado na nota, indicam que a alocação de capacidade de exportação da Trafigura através da LAR será de até 450 000 toneladas de minério por ano a partir de 2025. Já à Kamoa-Kakula foi atribuída uma capacidade mínima de 120 000 toneladas e até 240 000 toneladas por ano de transporte de produtos de cobre a partir de 2025, com um compromisso inicial de 10 000 toneladas a serem transportadas em 2024.
O plano de negócios prevê que o Corredor do Lobito atinja uma capacidade de exportação anual de um milhão de toneladas de minério por ano antes do final desta década.
“O acordo assinado e os compromissos assumidos visam contribuir para que a LAR dinamize a capacidade de transporte do Corredor do Lobito e o transforme, de facto, na principal e mais relevante ligação ferroviária da África Subsaariana”, sublinhou Jeremy Weir, presidente executivo e CEO da Trafigura, em comunicado.
Robert Friedland, fundador e co-presidente executivo da Ivanhoe Mines, salientou a importância da infra-estrutura para indústria mineira: “Admiramos o trabalho árduo do consórcio responsável pela gestão do Corredor do Lobito e o da Trafigura, que têm trabalhado intensamente com os seus parceiros na República Democrática do Congo e em Angola, para construírem uma nova cadeia de abastecimento que está a tornar-se rapidamente uma das rotas comerciais mais importantes para o transporte do cobre metálico, mineral que é vital para todo o mundo”.
O projeto de reabilitação do Corredor do Lobito implica um investimento de mais de 500 milhões de dólares norte-americanos durante a vigência da concessão, com um financiamento potencial de pelo menos 250 milhões de dólares da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA.
Ainda de acordo com o documento, o investimento irá permitir a renovação de troços da linha férrea e infra-estruturas associadas, além de garantir a aquisição de mais 1 500 vagões e 35 locomotivas.
*Com o jornal Negócios