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Standard & Poor’s aponta excedente do PIB de 5% em 2022 mas alerta para um aumento significativo nos pagamentos de dívida em 2023

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A agência de notação financeira Standard & Poor’s avançou, nesta segunda-feira, 16, que Angola deverá registar um excedente orçamental primário acima de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas alertou para o forte aumento dos pagamentos de dívida a partir de 2023.

“Graças ao actual nível elevado dos preços do petróleo, estimamos que Angola deverá registar um excedente orçamental primário [sem contar com os juros] acima de 5% do Produto Interno Bruto em 2022, o segundo melhor em África; isto vai ajudar a aliviar as preocupações de curto prazo sobre a liquidez, mas notamos que os pagamentos de dívida externas vão aumentar significativamente a partir de 2023, quando os acordos de reestruturação da dívida com dois bancos chineses terminarem”, aponta a Standard & Poor’s.

Em declarações à Lusa, no seguimento de um relatório sobre a capacidade dos bancos africanos absorverem o choque da guerra na Ucrânia, a analista de crédito Giulia Filocca assinalou que “o sistema bancário de Angola é mais pequeno que a média africana, e as contas dos bancos estão relativamente sobrecarregadas de dívida soberana”.

O sistema financeiro não bancário, acrescentou a analista da agência de rating, citada pela Lusa, também tem uma dimensão relativamente pequena, “o que sugere que há um espaço limitado para a acumulação de dívida interna por parte dos mercados internos”.

Lembrando que a emissão de dívida pública no mercado interno tem sido uma das apostas do governo para evitar endividar-se no mercado internacional, procurando não só estimular o próprio mercado interno, como também ‘fugir’ ao pagamento dos juros de quase 10% exigidos pelos investidores internacionais.

Ainda assim, Giulia Filocca alerta que “as taxas de juros reais são elevadas em Angola, reflectindo o ambiente da inflação ainda elevada e os significativos prémios de risco exigidos pelos investidores nacionais”. Os pagamentos de juros em face da dívida emitida ocupam mais de 20% de toda a receita obtida por Angola, acima da média africana.

No relatório sobre as vulnerabilidades da dívida no continente africano, no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, esta agência de notação financeira afirma que “o declínio do crescimento económico global e o abrandamento da China estão a ter um impacto negativo na capacidade dos mercados emergentes africanos acumularem dívida”.

Ou seja, o facto de em mercados como o Egipto, Gana e África do Sul uma parte importante da dívida interna ser detida por investidores estrangeiros “aumenta a liquidez, mas muitas vezes à custa de um aumento da sensibilidade às mudanças na política monetária global”.

Por isso, alertam os analistas, em conclusão, que “muitos países africanos já entraram neste período pós-pandemia com um volume elevado de dívida interna e grandes necessidades de refinanciamento da dívida”.

*Com a Lusa

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