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Sociedade Francesa de Direitos de Autor atribui a Bonga o Grande Prémio ‘Músicas do Mundo’

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O músico e compositor angolano José Adelino Barceló de Carvalho ‘Bonga’ foi, nesta quinta-feira, 30, homenageado numa cerimónia na Maison de la Radio, em Paris, França, com o Grande Prémio ‘Músicas do Mundo’, atribuído pela Sociedade Francesa de Direitos de Autor (SACEM).

Bonga foi distinguido com o ‘Grand Prix des Musiques du Monde’, por se tratar de  uma figura das artes que ao longo dos 50 anos de carreira tem sabido defender uma matriz musical assente em valores da africanidade.

“Figura de proa da música angolana, Bonga atribui todo o sentido à noção plural de africanidade. De Luanda a Roterdão, de Paris a Lisboa, e em todo o lado, ele é dos autores-compositores africanos que sublimam as suas raízes e fascinam os ouvintes”, lê-se numa publicação, citada pela Radio France Internationale (RFI), na qual a SACEM enumera os premiados.

“Contornando as fronteiras geográficas e musicais, com um canto e composições que falam a muita gente, Bonga é a voz de uma Angola moderna e pacificada”, enfatiza a SACEM, que sublinha o facto de Bonga ser hoje retomado por vários autores e compositores, como Bernard Lavilliers, que interpreta em francês o tema ‘Mona Ki Ngi Xica’, enquanto os músicos Gaël Faye e Lexxus Legal apontam-no como modelo, e a cantora portuguesa Ana Moura o ter chamado para uma homenagem a Amália Rodrigues.

No total foram distinguidos 19 artistas, entre os quais pela SACEM, que distingue anualmente compositores, intérpretes e produtores de todos os estilos e géneros musicais, desde jazz, hip-hop, música electrónica, música para cinema, realizadores de audiovisual, música clássica contemporânea, rock, humor, edição musical, canção do ano, canção francesa nas modalidades de composição, letra e interpretação, além de músicas do mundo, integram a lista de distinções.

Na cerimónia de premiação na qual o músico angolano recebeu o prémio, Bonga actuou ao lado do guitarrista e produtor Betinho Feijó.

Além de Bonga, foram igualmente distinguidos o cantor e compositor britânico Harry Styles, que ficou com o prémio da melhor obra internacional com a canção ‘As It Was’; a cantora francesa Zaho de Sagazan, autora do disco ‘La Symphonie des Eclairs’, considerada “a revelação” do ano; o músico francês David Guetta, que foi distinguido na categoria de música electrónica; o grupo Gojira, que recebeu o Grande Prémio do Rock; o rapper Booba, distinguido com o Grande Prémio das Músicas Urbanas; e o Prémio Especial que foi para a cantora francesa Zazie.

Bonga nasceu a 5 de Setembro de 1942, em Kipiri, na província do Bengo. José Adelino Barceló de Carvalho aprendeu música com o pai pescador e acordeonista que o introduz também ao semba, símbolo da identidade nacional angolana. “Desde a juventude, o artista percebe o alcance político e poético da sua música. Com a sua voz áspera e poderosa, ele abre um caminho que exprime os males do povo angolano e as aspirações de libertação da sua geração”, escreve a SACEM.

Em 1972, Bonga grava, em Roterdão, o primeiro álbum, ‘Angola 72’, um disco que rapidamente se torna na “banda sonora da luta pela independência angolana”, nomeadamente com o tema ‘Mona Ki Ngi Xica’. O seu percurso continua em Paris, onde Bonga grava o segundo disco ‘Angola 74’.

Depois da queda da ditadura portuguesa e do reconhecimento da independência de Angola, Bonga volta a viver entre Luanda e Lisboa. Em 2000, o artista canta a reconciliação nacional e o fim do conflito angolano com a música ‘Mulemba Xangola’. Os discos ‘Kaxexe’ (2003), ‘Maiorais’ (2005) e ‘Bairro’ (2008) continuam a escrever “a lenda de um cantor em movimento perpétuo”, lê-se ainda na descrição da SACEM.

Com a Radio France Internationale

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