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Sindicalistas acusam governo de desprezar classe trabalhadora e classificam como um “insulto” o aumento do salário da função pública em 5%

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O Sindicato Nacional de Professores (Sinprof), a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) e o Sindicato dos Professores do Ensino Superior (SIMPES) consideram o aumento de 5% do salário da função pública como um acto “insultuoso” contra os trabalhadores angolanos’, ao mesmo tempo que afirmam que o governo invalidou todos os processos de negociação avançados até aqui, o que levará a que as organizações sindicais se reúnam para possíveis acções futuras.

“Numa altura em que os preços dos produtos da cesta básica estão cada vez mais altos, o governo vem-nos com uma actualização do salário da função pública na ordem dos 5%? Isso é vergonhoso, é uma pouca vergonha, é um insulto aos trabalhadores angolanos que sofrem todos os dias”, começou por contestar o secretário-geral do Sinprof, Admar Jinguma, em reacção ao anúncio do executivo de aumento em 5% do salário na função pública.

Segundo Admar Jinguma, a referida medida não passa de “uma manobra de distração”, já que os sindicalistas apresentaram, durante uma reunião mantida com alguns membros do executivo, um caderno reivindicativo cujas exigências foram ignoradas pela contraparte (governo).

“O aumento até 5% dos salários da função pública anunciado pela ministra representa um desdém do governo e do titular do Poder Executivo ao cidadão trabalhador angolano”

“Como é bem conhecido, nós apresentámos um caderno reivindicativo ao titular do Poder Executivo no dia 5 de Setembro do ano passado, porém, este só foi respondido no dia 22 de Dezembro, com posicionamentos que nenhum sindicalista aprovou. Depois surgiram mais dois encontros e nada foi resolvido”, lamentou, comentando que era expectável “uma contraproposta por parte do governo e não uma decisão unilateral”.

Por seu turno, o secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Angola (SIMPES), Eduardo Peres, disse que este ajuste salarial reflecte o desprezo do executivo para com os trabalhadores angolanos.

“O aumento até 5% dos salários da função pública anunciado pela ministra representa um desdém do governo e do titular do Poder Executivo ao cidadão trabalhador angolano”, manifestou o sindicalista, tendo referindo que o governo perdeu o seu sentido de responsabilidade na sua missão como órgão de soberania, que deve zelar pelo bem-estar social.

Para o secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola, Francisco Jacinto Gaspar, o ajuste salarial anunciado constitui um insulto a classe trabalhadora.

Medida do governo começa a vigorar já neste mês de Janeiro

“Consideramos essa percentagem uma falta de respeito à classe trabalhadora. Pois, é inconcebível que, num país onde há indivíduos com cartões de 25 milhões de kwanzas para seu gasto mensal, com direitos a viaturas do Estado e bilhetes de viagens para o exterior nas primeiras classes dos voos e outros a receberem 20 milhões kz como subsídio de instalação, bem como carros de luxo avaliados em mais de 200 milhões kwanzas, o governo se arroga a esticar em 5% os salários da função pública? Não, isto é um insulto, é uma provocação”, refutou Francisco Jacinto Gaspar.

O Conselho de Ministros aprovou, na quarta-feira, 17, o ajustamento das tabelas salariais da função pública com um incremento de 5% sobre o salário-base.

O governo defende que a medida visa repor parcialmente o poder aquisitivo, em busca de uma maior dignidade dos funcionários públicos e agentes administrativos, assim como garantir eficiência administrativa e a melhoria contínua da qualidade dos serviços públicos.

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