RDC. Pelo menos nove mortos em explosão de bomba no leste do país
Pelo menos nove pessoas morreram e 12 ficaram feridas na explosão de uma bomba, quarta-feira à noite numa aldeia no nordeste da República Democrática do Congo (RDC), anunciou, esta quinta-feira, 20, um funcionário administrativo local.
A bomba explodiu no território oriental de Rutshuru, segundo Isaac Kibira, adjunto do governador da província, que acrescentou que o incidente ocorreu quando um membro da milícia local de auto-defesa manuseava um objecto não identificado no chão, fazendo-o detonar no centro da aldeia.
O miliciano e outros oito civis que se encontravam próximos tiveram morte imediata.
Desconhece-se ainda quem deixou o engenho explosivo no local, mas as autoridades disseram que foi encontrado numa zona onde os rebeldes armados fizeram recentemente incursões.
“Os primeiros socorros de emergência foram prestados por elementos das forças regionais da Comunidade da África Oriental destacados para a zona”, disse Kibira.
As autoridades sanitárias locais afirmaram ter admitido os feridos numa clínica para tratamento.
A região leste da RDC regista há décadas combates em que intervêm mais de 120 grupos, que lutam pelo poder, terras e recursos minerais valiosos — enquanto outros tentam defender as suas comunidades.
No entanto, os combates intensificaram-se no final de 2021, quando o grupo rebelde M23, que esteve praticamente adormecido durante quase uma década, ressurgiu e começou a conquistar território.
No início desta semana, a ONU lançou o alerta para um aumento da violência no nordeste do país.
O M23 ganhou proeminência há dez anos, quando os seus combatentes se apoderaram de Goma, a maior cidade da região leste e capital da província de Kivu do Norte, e que faz fronteira com o Rwanda.
A sua designação resulta de um acordo de paz assinado em 23 de março de 2009, e os rebeldes acusam as autoridades de Kinshasa de não o aplicarem.
Kinshasa e a ONU acusaram o Ruanda de apoiar os rebeldes do M23, mas Kigali nega reiteradamente a acusação.
O M23 e um grupo local de auto-defesa têm lutado pelo controlo da aldeia. Grupos de milícias juvenis chamados “Wazalendo” (“patriotas” na língua Kiswahili) formaram-se em todo o nordeste do país para proteger as suas comunidades da invasão de grupos armados.
As mortes de quarta-feira ocorreram menos de uma semana depois de o M23 ter sido acusado de matar quase uma dúzia de pessoas numa outra aldeia da mesma zona.