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Quénia. Justiça prolonga detenção de pastor de seita que provocou 425 mortos

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A justiça do Quénia prorrogou, esta quinta-feira, 10, a detenção do auto-proclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie, acusado de obrigar os seguidores da sua seita evangélica a jejuar até à morte numa floresta no sudeste do país, onde foram encontrados 425 corpos.

O antigo taxista, de 50 anos, está detido desde 14 de Abril, um dia depois de terem sido descobertas as primeiras vítimas do escândalo, apelidado de “massacre de Shakahola”.

Um juiz do tribunal da cidade costeira de Mombaça ordenou a prorrogação da sua detenção, que tinha expirado a 2 de Agosto, e de 29 co-arguidos “por um novo período não superior a 47 dias”, segundo uma decisão consultada pela agência France-Presse.

Uma vez concluídas as investigações, Paul Nthenge Mackenzie será formalmente acusado. Os procuradores anunciaram em Maio que seria acusado de “terrorismo”.

Até à data, foram encontrados 425 corpos na floresta de Shakahola, uma zona de “mato” na costa queniana onde os seguidores da Igreja Internacional da Boa Nova, fundada por Paul Nthenge Mackenzie, se reuniam e jejuavam até à morte para “encontrar Jesus”.

As autoridades, que suspenderam as buscas de valas comuns a 19 de julho, enquanto procediam às autópsias dos últimos 87 corpos encontrados, admitem que o número de mortos aumente ainda mais.

A polícia acredita que a maioria dos corpos encontrados era de seguidores da seita de Mackenzie.

As autópsias revelaram que a maioria das vítimas tinha morrido de fome, provavelmente depois de seguir a sua pregação. Algumas, incluindo crianças, foram estranguladas, espancadas ou sufocadas.

Dezasseis pessoas são acusadas de terem feito parte de um grupo de ‘capangas’ do pastor encarregados de garantir que nenhum seguidor quebrasse o jejum ou fugisse da floresta.

O massacre causou grande agitação no Quénia e reacendeu o debate sobre a regulamentação do culto religioso neste país predominantemente cristão, que tem quatro mil ‘igrejas’ oficiais.

As autoridades foram também fortemente criticadas por não terem impedido as actividades do pastor Mackenzie, que tinha sido detido várias vezes, devido às suas pregações extremistas.

Em Março, foi libertado sob fiança, apesar de ter sido acusado de homicídio, depois de duas crianças terem morrido à fome ao cuidado de pais ligados à seita.

“O massacre de Shakahola é a pior violação da segurança na história do nosso país”, disse o ministro do Interior, Kithure Kindiki, a uma comissão do Senado, a 11 de Julho, prometendo “insistir incansavelmente em reformas legais para domar os pregadores desonestos”.

LUSA

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