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Polícia Nacional acusa deputados e dirigentes da UNITA de terem sido responsáveis directos por arruaças, rebelião e violência contra as forças de defesa

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A Polícia Nacional de Angola (PNA) acusou, em comunicado, deputados, dirigentes e militantes da UNITA presentes na manifestação deste sábado, 17, de terem tido participação directa em alegados actos “de desordem pública”, que teriam provocado ferimentos a vários participantes, incluindo sete efectivos das forças de defesa e segurança.

“A Polícia Nacional constatou que, em todas as manifestações realizadas, foi notória a presença de deputados, dirigentes e militantes do partido UNITA, que de forma directa participaram na organização dos actos de desordem pública acima referidos e que provocaram ferimentos a vários participantes, dentre os quais, cidadãos que circulavam na via pública, bem como a sete membros das Forças de Segurança”, acusou a PN, no comunicado emitido na noite de sábado.

Por volta das 13h00/13h30, hora em que a marcha de protesto saía do Cemitério de Santa Ana em direcção ao Largo do 1.º de Maio, a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) decidiu investir sobre os manifestantes, lançando granadas de gás lacrimogéneo e fazendo disparos ao ar com balas reais, quando nem tinham sido ainda percorridos 500 metros.

Os manifestantes — entre os quais se destacavam membros da sociedade civil, activistas cívicos, moto-taxistas, deputados e militantes partidários — foram interrompidos quando, sem qualquer motivo aparente, à entrada do viaduto da PIR, começaram a chover granadas de gás lacrimogéneo por tudo quanto era canto.

No comunicado, a Polícia Nacional afirma que foram realizadas, em algumas províncias do país, marchas e manifestações tidas como ordeiras e pacíficas, inicialmente, organizadas pela sociedade civil”, porém, refere o documento, “em Luanda e Benguela, contrariamente ao que ocorreu nas outras províncias, os promotores das manifestações não observaram os pressupostos legais exigidos”.

“Em desobediência às indicações sobre os itinerários pré-estabelecidos, [os manifestantes] primaram por arruaças, rebelião e violência contra as forças policiais”, acusa a PN, admitindo que, “para o efeito, as forças de segurança, no âmbito da manutenção e reposição da ordem pública, tomaram medidas que visaram dispersar os insurgentes com emprego de meios tácticos-operacionais moderados e proporcionais à natureza dos actos praticados”.

Em face do que considera ter ocorrido, a PN apela ainda “aos cidadãos no sentido de não aderirem a actos de violência e reitera o compromisso de continuar a trabalhar no reforço do sentimento de segurança das comunidades, garantindo nos termos da lei, o livre exercício dos direitos e liberdades fundamentais”.

O aviso de repressão

Na tarde sexta-feira, 16, a Polícia de Intervenção Rápida já havia colocado em marcha um plano de demonstração de força, tendo feito circular sobretudo pelo casco urbano da cidade de Luanda um sem número de meios operacionais e homens armados até aos dentes.

Além disso, um documento interno do Governo Provincial de Luanda (GPL), que vazou na internet, apontava que os manifestantes não tinham reunido todas as condições para levarem a efeito a marcha de protesto.

Detenções pelo país

Na sequência das manifestações deste sábado, foram detidas pelo país várias pessoas. Em Luanda, por exemplo, dois membros do membros do Secretariado Nacional do Bloco Democrático (BD), Ary Campos e Adilson Manuel, acabaram detidos nas imediações da ‘Livraria Irmãs Paulinas’, numa altura em que a manifestação já tinha sido desmobilizada, após severa dose de gás lagrimogéneo sobre os manifestantes.

Aléxia Gamito, membro de direcção do Movimento Cícivo Mudei, foi também detida e solta às primeiras deste domingo, 18, após ter estado em local incerto. Uma outra entidade que esteve detida e incontactável por várias horas foi o deputado da UNITA, Domingos Palanga.

Detenções também ocorreram no Huambo, Benguela, Namibe e demais províncias. As únicas excepções foram as províncias da Huíla, Kwanza-Sul, Moxico e Cabinda, onde não se registaram incidentes. No Huambo, por exemplo, efectivos do Serviço de Investigação Criminal fizeram detenções de activistas cívicos às 04h00 de sábado, apresentando, para efeito, mandados de busca e captura.

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