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“Os angolanos que vivem em zonas mais recônditas do país sentem a pobreza numa proporção asfixiante”, considera a CEAST

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A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), que se encontra reunida na sua sede em Luanda, denunciou, nesta quinta-feira, 9, o impacto nocivo do elevado nível de pobreza que se regista em zonas mais recônditas do país.

Aludindo a um relatório da organização não-governamental Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), os bispos católicos consideraram que os angolanos que vivem em zonas mais recônditas do país sentem a pobreza “numa proporção asfixiante”.

“Apesar da vontade expressa, o quadro social do país continua a inspirar muitos cuidados. O nível de pobreza das nossas famílias continua preocupante”, afirmam, alertando para “a vulnerabilidade a que estão expostos diante de muitos charlatões e burlões”.

Criticam também o “elevado índice” de desemprego, sobretudo no seio dos jovens, considerando que a situação está a provocar a fuga de muitos deles para outras paragens do mundo.

Para os bispos católicos, a delinquência e a violência estão a aumentar por conta também do uso de substâncias psico-activas, que pouco a pouco vão ganhando mercado, assim como, de igual modo, novos corruptos e corruptores estão a nascer, adiando sempre o desenvolvimento do país e a satisfação dos cidadãos.

A CEAST aponta ainda para o crescimento da “cultura da intimidação, geradora do medo e da insubordinação”, deploram o elevado número de crianças fora do sistema de ensino e afirmam mesmo que o sistema de saúde do país “se mantém doente”.

“Enfim, a estrutura social continua desestruturada, potenciando situações de violência, vício generalizado e injustiças endémicas”, acrescentam.

No entender dos bispos da CEAST, a solução para os referidos problemas passa pelo “envolvimento de todas as forças activas da sociedade, incluindo a igreja”, e urge a “reforma autêntica do Estado”, a renovação interior de todos os cidadãos, bem como a concretização do sonho das autarquias.

“Impõe-se uma escolarização forte, desde o pré-escolar ao superior, com o foco na ética e valorizando a figura do professor”, defendem.

Encorajam igualmente o espírito de “diálogo permanente” com as classes associativas e profissionais, visando encontrar melhores caminhos de satisfação e motivação, e consideram que o Estado deve “potenciar as famílias”, com o necessário, para a garantia da dignidade e paz social.

A auto-sustentabilidade da Igreja em Angola, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 e o Acordo Quadro entre a Santa Sé e o Estado angolano, assinado em 2019, são alguns dos temas em reflexão nesta plenária da CEAST, que se estende até à próxima quinta-feira.

*Com a Lusa

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