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Novo estudo alerta para “risco elevado” de ocorrência de desastres climáticos nas províncias do Moxico e Kuando-Kubango

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Um estudo sobre Direitos Ambientais e Humanos em Angola, financiado pela União Europeia (UE) e realizado pela organização não-governamental Mosaiko – Instituto para a Cidadania, revela que as províncias do Moxico e do Kuando-Kubango “têm um perfil de risco elevado” face a fenómenos climáticos extremos, havendo fortes possibilidades de se chegar a uma situação de desastre.

Inundações, secas, ravinas, deslizamentos de terras e poluição do ambiente, especialmente de rios e pontos de água, são fenómenos climáticos que podem vir a afectar as duas províncias do sudeste e leste do país.

O aludido estudo, realizado nos municípios do Moxico e Bundas (na província do Moxico) e Menongue (na província do Kuando-Kubango), foi, nesta quinta-feira, 21, apresentado em Luanda.

“A desflorestação maciça é um dos principais problemas ambientais das duas províncias, bem como as consequências que esta provoca”, refere a análise, lembrando que o falecido bispo do Luena Tirso Blanco foi uma das pessoas que insistentemente denunciou as más práticas associadas à produção de madeira no Moxico, relatando a elevada exploração madeireira por parte de diversos grupos de interesse.

Nos últimos 25 anos, destaca o estudo, o clima das duas províncias mudou de forma radical, chegando a aumentar em quase um grau centígrado, o que “provocou transformações climáticas consideráveis que vão aumentar a ocorrência de eventos extremos e quase desconhecidos até então para as regiões (sobretudo para o Moxico), que terão um impacto alarmante: as secas.

“As projecções climáticas para o período 2051-2100, por exemplo, indicam que a quantidade de pessoas expostas a secas deverá aumentar em Angola, com alguns aumentos significativos, nomeadamente no Moxico, sobretudo nos municípios de Moxico e Bundas, mas também no município de Menongue, no Kuando-Kubango”, salienta o estudo.

Esses eventos climáticos vão ter ainda como consequência uma diminuição da produção agrícola e da criação animal, levando a uma perda monetária, que vai afectar os agregados familiares, especialmente as mulheres, e o rendimento familiar.

Federica Pilia, que apresentou o estudo, revelou que, nos últimos dez anos, o país está a ser afectado por diferentes fenómenos climáticos extremos, tendo citado a situação no sul do país, em particular nas províncias do Namibe, Huíla, Cunene, sul de Benguela e Kuando-Kubango, quanto à seca, mas algumas também têm sofrido inundações.

“Angola está a ter problemas com a degradação das costas, está a ter o aumento das temperaturas devido à diminuição das chuvas ou chuvas repentinas, que não permitem o desenvolvimento, por exemplo, da agricultura”, disse Federica Pilia, realçando que, no futuro, “esse cenário não vai ser melhor”.

Em declarações à imprensa, o director-geral da Mosaiko, o frei Júlio Candeeiro, referiu que o estudo lança um desafio à sociedade sobre esta problemática, sobretudo para os governantes, no sentido de se promover na prática as leis existentes sobre o ambiente.

O estudo foi realizado no âmbito do projecto USAKI, com o apoio financeiro da União Europeia e co-financiamento do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, de Portugal.

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