Isto É Notícia

Níger. CEDEAO ainda sem explicar como atuará a força militar anunciada

Partilhar conteúdo

Os dirigentes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) aprovaram, nesta quinta-feira, 10, o envio da “força de reserva” da organização para restabelecer a ordem constitucional no Níger, sem especificar imediatamente a forma e o papel desse envio.

“Antes desta decisão, incluída nas resoluções lidas no final de uma cimeira extraordinária da CEDEAO sobre o Níger, em Abuja, o Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que detém a presidência rotativa da CEDEAO, sublinhou a sua esperança de “chegar a uma resolução pacífica”, acrescentando, no entanto, que o recurso à força como “último recurso” não estava excluído.

A organização ordenou “o destacamento da força de prontidão da CEDEAO para restaurar a ordem constitucional no Níger”, declarou o presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Touray, no final da cimeira, sem revelar o número de homens que compõem a força, os seus países de origem ou a sua localização actual.

No entanto, Omar Touray reafirmou “o empenhamento contínuo na restauração da ordem constitucional, através de meios pacíficos”.

O regime militar que emergiu de um golpe de Estado no Níger formou um governo pouco antes desta cimeira extraordinária, na qual os líderes da África Ocidental confirmaram que estavam a considerar uma opção militar para repor o Presidente deposto, Mohamed Bazoum, como último recurso.

As negociações com o regime militar do Níger devem ser a “pedra angular da nossa abordagem”, disse Bola Tinubu no discurso de abertura dos trabalhos.

O governo saído do golpe de Estado é liderado pelo primeiro-ministro, Ali Mahaman Lamine Zeine, e é composto por 20 ministros.

Os ministros da Defesa e do Interior são generais do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que assumiu o poder, respectivamente, o general Salifou Mody e o general Mohamed Toumba.

O anúncio da sua formação marca a consolidação do regime militar desde a destituição de Mohamed Bazoum, a 26 de Julho, e parece ser um sinal de desafio à CEDEAO.

O único ponto de ordem de trabalhos da reunião de Abuja, que juntou chefes de Estado e representantes dos 15 países-membros da CEDEAO era o debate sobre a situação criada pelo golpe de Estado e a avaliação de uma intervenção militar para repor a legalidade constitucional.

Esta foi a primeira reunião dos líderes da CEDEAO desde o termo do seu ultimato aos militares na anterior cimeira da organização, em 30 de Julho.

Todos os presidentes do bloco da África Ocidental participaram nesta cimeira, com excepção da Gâmbia, da Libéria e de Cabo Verde, que enviaram representantes.

Os presidentes do Burundi e da Mauritânia, que não são membros da CEDEAO, mas foram convidados pela organização, também participaram na cimeira e estiveram igualmente presentes representantes da Argélia, da Líbia, da Organização das Nações Unidas e da União Africana.

A cimeira extraordinária de Abuja realizou-se tendo como cenário o que fazer para enfrentar o quinto golpe de Estado bem-sucedido na região desde 2020, depois dos do Mali (duas vezes), Burkina Faso e Guiné-Conacri.

No total, desde 2020, a África Ocidental registou nove tentativas de golpes de Estado.

LUSA

Artigos Relacionados