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Morreu o notável professor de dança Sakaneno João de Deus. As causas da morte continuam por esclarecer

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Após confirmar-se a notícia da morte do presidente do grupo carnavalesco União Mundo da Ilha, António Custódio, no domingo, 9, poucas horas depois os angolanos voltaram a ser assaltados por uma outra, também ela devastadora, a dar conta do falecimento, aos 64 anos de idade, do notável professor de dança Sakaneno João de Deus.

O artista foi encontrado sem vida na sua residência, em Luanda, e a causa da morte ainda não foi identificada, enquanto prosseguem as investigações.

Sakaneno João de Deus, uma referência obrigatória da dança e da cultura angolana, foi responsável por formar, conduzir e moldar uma grande fornalha de bailarinos que hoje são conhecidos como os melhores que o mercado das artes oferece ao país.

O malogrado foi um professor de referência dada a sua competência profissional no domínio das artes, em particular na dança, quer na organização e preparação, como na formação.

É autor de vários projectos de artes e realização a nível nacional e internacional. Sakaneno foi membro efectivo do Conselho Internacional de Dança (CID)/Unesco e da Organização Internacional de folclore e Artes Populares (IOV).

Teve participação internacional em conferências, palestras, festivais, workshop, debates e formação em vários países de África, América e Europa como prelector na prática e na teoria de dança.

Criou várias coreografias, entre as quais as de abertura e encerramento da Taça das Nações Africanas em Futebol, que o país albergou em 2010.

Começou a ensinar dança com apenas dez anos, na aldeia em que nasceu, no Uíge. Em 1978, veio a Luanda e começou logo a frequentar o seu primeiro curso de instrutor de arte, ministrado no Teatro Avenida, pelo malogrado pintor Victor Teixeira ‘Viteix’.

No ano seguinte, partiu para Cuba, onde frequentou o curso superior de artes, que veio a terminar em 1986, altura em que regressou a Angola.

Antes de voltar, fez em Cuba alguns trabalhos, quer a nível da escola onde estudou, como em orfanatos. Chegou a leccionar no ensino artístico e a trabalhar com crianças órfãs vindas da Nicarágua e de outros países.

O primeiro prémio que ganhou foi-lhe atribuído pela União dos Artistas e Compositores (UNAC), o Prémio Identidade. Foi ainda o primeiro a organizar o Festival do Dia Mundial da Dança no país.

O Fenacult foi um dos seus primeiros trabalhos e o primeiro festival cultural organizado pelo Ministério da Cultura, tendo sido o autor da coreografia de abertura e do fecho, em que participaram muitos dançarinos, incluindo as Gingas do Maculusso, na altura com os seus oito a nove anos.

Foi igualmente vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, na Categoria de Dança, em 2018, e director da Academia de Dança em 1989, 1990, 2000, 2001, 2002 e 2003.

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