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Moco volta a atirar-se contra o consulado de JLo e explica as razões pelas quais é favorável à destituição do PR

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O antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco voltou a debruçar-se sobre a proposta de acusação e destituição do Presidente da República, anunciado pela UNITA, apontando “questões, muito graves, de ordem ética e moral políticas” no ‘consulado’ de João Lourenço, que o levam hoje a ser a favorável à cassação do mandato.

Num pequeno artigo publicado na sua página da rede social Facebook, intitulado “Meus três desejos, em torno das discussões sobre a possível destituição de JLo”, o também antigo secretário-geral do MPLA considerou que, em relação ao processo de destituição em si, não se deve olhar apenas para o “desastre de ordem material” que o Presidente João Lourenço atribui hoje à situação da crise mundial.

Moco é de opinião que a situação é ainda mais grave, com impacto igualmente alarmante para o país.

“Há questões, muito graves, de ordem ética e moral políticas, do seu consulado. Embora propiciadas pela práxis jus-constitucional legada por JES [José Eduardo dos Santos], JLo aprimorou-as. E não faltaram alertas sobre o que viria a seguir, quando começámos a sentir a aplicação pura e dura do princípio ‘agora é a nossa vez’”, descreve o político, como introdução ao seu primeiro desejo.

Para Moco, o consulado de João Lourenço permitiu, por um lado, “corromper a Magistratura Judicial e do Ministério Público para se dedicar a uma justiça claramente selectica; destruir o tecido empresarial funcional ligado ao anterior Presidente, para se iniciar uma monopolização impiedosa da economia, a favor dos novos ‘donos disso tudo’”;

E, por outro, permitiu “gastar rios e rios de dinheiro para transformar as forças da ordem e segurança num sector de perseguição a adversários políticos (e até em desavenças de carácter pessoal) tanto dentro como, especialmente, fora do partido governante; preparar o salto para futuros mandatos!”.

Diante desta situação, o político deixa no ar uma questão: “Como não faltar dinheiro agora e matar a rica Angola à fome e á indigência, colocando a sua juventude em total desespero?”.

O segundo desejo descrito por Moco é dirigido particularmente ao MPLA, mas sobretudo à nova geração, de quem o político espera uma outra postura, que não a de ‘servilismo’ ao líder.

“O MPLA, como organização política histórica que é — agora nas mãos de pessoal muito mais jovem, em relação aos seus fundadores, numa altura em que os objectivos a alcançar não devem continuar atrelados ao passado — se exercite em abandonar a velha prática de sacrificar tudo para a glorificação do seu líder, mesmo à custa dos maiores prejuízos para a nossa nação em formação”, apelou Moco, que já havia reagido à pretensão da UNITA, considerando a iniciativa “muito interessante e de grande alcance político”.

O terceiro e último desejo de Moco prende-se com o facto de o mesmo não pretender que “o processo não se limite apenas à questão da destituição pessoal de JLo”. O antigo secretário-geral do MPLA anseia quer muito mais: “que tudo isso termine, finalmente, com a abolição do Estado unilateral que se fundou, em 1975, pela violência e para a violência”.

Moco não se “importa de onde provirá, decisivamente, o mérito: da UNITA, do MPLA (se se adiantar, de forma positiva) ou dos dois. Mas que, desta vez, a vez e a voz sejam devolvidas ao país, que deverá abrir-se para todos”. “É urgente o Futuro”, afirma.

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