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Médicos podem decretar nova greve no dia 19 deste mês. Prazo de 90 dias passou sem que tivessem sido atendidas as principais reivindicações

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O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) alertou, nesta quinta-feira, 10, que o prazo de 90 dias dados ao Ministério da Saúde, em Dezembro último, para atender aos pontos exigidos no caderno reivindicativo terminou a 8 de Março sem que estes tivessem sido resolvidos. O órgão sindical admite que tal situação poderá desencadear uma nova onda de greves nos próximos dias.

De acordo com o presidente do SINMEA, Adriano Manuel, que falava em entrevista à Rádio LAC – Luanda Antena Comercial, o prazo dado ao Ministério da Saúde terminou sem que 98% dos pontos constantes do caderno fossem atendidos e, em relação aos subsídios, não houve nenhum consenso, pelo facto de o governo defender que o aumento deve ser de apenas 60%.

“Não chegámos a nenhum acordo [em relação] à questão relacionada com o salário, bem como com os subsídios. O governo defende a ideia segundo a qual se deve aumentar apenas 60% do total de subsídios, o que não concordamos. No entanto, findo os 90 dias, praticamente 98% do trabalho não está concluído”, afirmou o sindicalista.

Dos 14 pontos constantes no caderno reivindicativo, o governo atendeu a apenas três deles, entre os quais, a reintegração do médico Adriano Manuel, que tinha sido impedido durante largos meses de exercer as suas funções no Hospital Pediátrico de Luanda, após ter denunciado a morte de 19 crianças em menos de 48 horas.

O governo atendeu também à reivindicação do ‘enquadramento correcto’ dos médicos que estavam mal enquadrados e à questão relacionada com as horas acrescidas. Tudo o resto, segundo Adriano Manuel, não foi cumprido.

Entre os pontos não atendidos constam: a melhoria das condições de trabalho e o aumento dos recursos humanos, facto que, de acordo com Adriano Manuel, “tem dificultado, e de que maneira, o atendimento no sistema de saúde, e tem sido um dos grandes motivos do elevado índice de mortalidade [no país]”.

O SINMEA convocou uma assembleia geral de trabalhadores, a ter lugar no dia 19 do mês em curso, durante a qual os profissionais decidirão se será dada uma moratória ao Ministério da Saúde para responder aos demais pontos do caderno reivindicativo ou se será deliberada uma nova greve.

O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola reiterou, no entanto, a disponibilidade para continuar a trabalhar com o Ministério da Saúde, com o objectivo de se pôr fim àquilo que são as exigências da classe e melhorar o sistema de saúde do país.

“Vamos continuar a trabalhar com o governo, no sentido de encontrarmos melhores caminhos para ultrapassarmos aquilo que são as grandes inquietações da classe médica e, por esta via, melhorarmos então o sistema de saúde do nosso país”, asseverou o sindicalista.

A 14 de Dezembro do ano passado, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, informou que o executivo precisava de pelo menos três meses para atender à questão dos salários mínimos de 1 milhão de kwanzas exigidos pelo SINMEA no caderno reivindicativo, sob a alegação de que atender às questões era um processo que necessitava de uma “avaliação profunda e técnica”, pelo facto de naquela altura ser impossível, em tão poucos dias dizer com certeza que se aumentariam os salários.

*Com a LAC

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