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Marcolino Moco considera que viabilizar um terceiro mandato para JLo poderá ser “o maior e talvez o último maior erro” do MPLA e do seu presidente

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O docente e antigo primeiro-ministro angolano Marcolino José Carlos Moco desencorajou, neste sábado, 20, o que chamou de “esforços do regime em forçar um terceiro mandato para João Lourenço”, sob pena de o MPLA e o seu presidente cometerem “o maior e talvez o seu último maior erro”.

Comentando no quadro do que apelidou de ‘As minhas sugestões ao país político, neste momento crucial’, no seu perfil da rede social Facebook, o também ex-secretário-geral do MPLA considerou que “as experiências positivas e negativas recentes e actuais” vividas no Gabão, Senegal e Moçambique (no caso particular no seio da Frelimo), não parecem ter servido de lição para o MPLA e para o seu líder.

Coincidência ou não, Marcolino Moco fez estas declarações um dia depois do Comité Central e o Bureau Político do MPLA terem estado reunido no Futungo de Belas.

“Se o MPLA e o próprio JLo [João Lourenço] se animarem a dar viabilidade a esse projecto, estarão a cometer o maior e talvez o seu último maior erro, para si próprios e para a desgraça derradeira do país”, antevê o político.

“Escolham um candidato que, ao mesmo tempo, não seja tão partidarista que prossiga o sonho de que, faça chuva ou faça sol, o MPLA tem que continuar no poder por mais 50 anos…”

Para Moco, o recomendável é que se aprove um outro futuro candidato à Presidente da República e que, dentre os vários pré-candidatos, a escolha recaia para “aquele que apresentar maior capacidade de olhar para a direcção dos faróis e menos para os retrovisores, a mostrarem espaços de vingança e caça às bruxas”.

O antigo responsável do MPLA entende que, para este “momento crucial” do país, é preciso uma espécie de catarse, que seja extensiva à liderança do próprio partido:

“Até mesmo para o próprio JLo, que fez o que fez a JES [José Eduardo dos Santos] e seus próximos, sacrificando mesmo o pouco de bom que havia ao serviço do emprego para a juventude e de um mínimo de condições de vida para a população, é necessário o espírito de Mandela”.

“Escolham um candidato que, ao mesmo tempo, não seja tão partidarista que prossiga o sonho de que, faça chuva ou faça sol, o MPLA tem que continuar no poder por mais 50 anos, porque senão os ‘kwachas vão nos matar’ e/ou ‘tirar-nos tudo’”, aconselha o docente universitário, que minimiza a possibilidade de haver quem, no seio da UNITA, esteja a “afiar facas” para se vingar do MPLA.

Neste sentido, Marcolino Moco saiu inclusive em defesa das lideranças da UNITA pós-conflito armado, elogiando Lukamba Gato, Samakuva e também Adalberto Costa Júnior, de quem afirma não ter recebido nada para ‘bajulá-los’ e/ou para “fazer de seus advogados do diabo”.

“Mas, lidando com eles, sinto que há muita maturidade nas direcções pós-guerra da UNITA, para podermos fazer pontes para a construção de um país para todos. Não estou a falar de Jonas Savimbi, que, como Agostinho Neto e Holden Roberto, têm os méritos e deméritos do seu tempo. Nós, os vivos, temos uma missão para o dia de hoje, em direcção ao amanhã”, conclui o antigo secretário-geral do MPLA.

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