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João Soares exorta união da oposição angolana contra “as manobras eleitorais do MPLA”

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O político português do Partido Socialista (PS) João Soares apelou, nesta segunda-feira, 21, à necessidade de haver união de todos os partidos na oposição angolana, os quais considerou serem “vítimas das manobras eleitorais do MPLA” desde as primeiras eleições, datadas de 1992.

“É óbvio que tem de haver uma união de todos os partidos da oposição, porque eles são todos vítimas das falcatruas e das aldrabices eleitorais e outras que o MPLA faz”, considerou João Soares numa entrevista à Lusa, quando analisava a situação eleitoral angolana.

O também ex-ministro da Cultura de Portugal sublinhou que, até hoje, “não houve eleições democráticas em Angola”, consideradas, à luz dos padrões internacionais, como “livres e justas”, lembrando ainda que “nunca houve um debate televisivo, nem sequer jornalístico entre os candidatos presidenciais” no país.

João Soares disse ainda que o processo eleitoral no país está, desde os tempos do partido único, viciado, apontando a forma “unipessoal” como este é tratado.

“A questão de fundo em Angola é que o processo eleitoral está todo viciado desde o início, desde o tempo do regime de partido único, e com o apoio de uma empresa, que é quem faz os cadernos eleitorais, imprime os votos, etc”, acusou.

O ex-dirigente do PS criticou aquilo a que chamou de ausência de cadernos eleitorais elaborados de uma forma séria, assim como a falta de controlo sobre os meios de campanha pelas forças políticas presentes no combate eleitoral e a ausência de debate democrático nos órgãos de comunicação social como factores inibidores às eleições livres.

“Quando não há cadernos eleitorais elaborados de uma forma séria, não pode haver eleições livres; quando não há o mínimo de controlo sobre os meios de campanha de cada uma das forças políticas, presentes no combate eleitoral, e quando não há o mínimo de debate democrático nos órgãos de comunicação social, não pode haver eleições livres”, frisou

Para João Soares, no país há mudanças políticas, mas não há alternância de poder.

“Em Angola, há 48 anos que o Presidente da República é o presidente do MPLA, o primeiro-ministro é um quadro qualificado do MPLA, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça é do MPLA e o presidente da Comissão Nacional de Eleições é do MPLA”, afirmou, questionando a existência de eleições livres num quadro do género.

João Soares, que assume ser simpatizante da UNITA, foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1995 e 2002, presidente do PS e ministro da Cultura do XXI Governo Constitucional de Portugal entre 2015 e 2016.

*Com a Agência Lusa

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