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João Lourenço: “O problema no passado não era só haver roubo. Era a impunidade”

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O presidente do MPLA e candidato do partido dos camaradas às eleições de Agosto próximo considerou, nesta terça-feira, 5, na cidade de Ondjiva, na província do Cunene, que a “impunidade” foi um dos graves problemas vividos em Angola num passado recente e não apenas a corrupção e o roubo. Falando num acto de massas, que marcou o lançamento da pré-campanha eleitoral do seu partido, João Lourenço defendeu que “as coisas devem ser tratadas pelos seus verdadeiros nomes”.

“O grande mal do passado não era só haver corrupção, haver roubo… às vezes, quando a gente utiliza a expressão corrupção, acaba por ser uma palavra bonita. Como o acto em si não é bonito, temos de chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome.  Corrupção é roubo!”, afirmou João Lourenço, num discurso feito todo ele de improviso diante de uma massa de militantes do seu partido que acorreu ao local.

O líder dos ‘Camaradas’ salientou que mais grave do que a corrupção e o roubo era a impunidade, uma vez que “ninguém fazia nada” contra ela e isso em si “acabava por encorajar os outros a fazerem o mesmo”.

Voltando-se para o presente, o presidente do MPLA disse não arriscar em afirmar que hoje o mal esteja completamente sanado, mas assumiu que ao longo dos cinco anos de seu mandato foi possível fazer uma “viragem radical” no que à gestão da coisa pública diz respeito.

“Eu não estou a dizer que hoje não haja gestores que mexem no erário. Não estaria a dizer a verdade, se fizesse essa afirmação. Temos de assumir que ainda há gestores que mexem no erário. Mas não com tanto descaramento, com tanta falta de medo como era no passado, porque hoje sabem que até podem fazer, mas se forem apanhados, não haverá impunidade”, frisou.

João Lourenço considerou que o país deu um passo importante na luta contra a corrupção, porém, aconselhou os militantes do seu partido a não se darem por satisfeitos com o que foi conseguido até aqui.

“Já recuperámos muitos recursos, mas não chega. Precisamos de recuperar mais, mas, sobretudo, precisamos de criar mecanismos e criar a mentalidade nos nossos servidores públicos que o caminho certo não é o da corrupção. Quantas barragens de Cafu poderíamos construir com os dinheiros já recuperados da corrupção e aqueles não recuperados? Quantas barragens?”, questionou o também Presidente da República, que no dia 4 de Abril, esteve a inaugurar a referida infra-estrutura.

“A barragem que inaugurámos ontem custou 137 milhões de dólares. Há pessoas que, sozinhas, roubaram cinco, seis vezes mais do que isso. Então, dava para fazer quantos Cafus? Nós precisamos fazer aqui, no Cunene, quatro, cinco Cafus.  Então já estavam feitos com o dinheiro roubado por uma só pessoa, uma só pessoa, dava para fazer quatro, cinco Cafus!”, notou João Lourenço.

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