Israel. Declarações de Lula não vão contaminar reunião do G20, diz Brasil
As declarações de Lula da Silva desencadearam várias reações diplomáticas de parte a parte, com o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, a convocar o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para um encontro diplomático no Museu do Holocausto, em Jerusalém.
De seguida, o Governo brasileiro convocou o embaixador israelita em Brasília e chamou para consultas o embaixador brasileiro em Telavive.
Hoje, o Governo brasileiro reforçou a defesa do direito ao território palestiniano perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, frisando que a ocupação israelita dos territórios “desde 1967, em violação ao direito internacional e a diversas resoluções da ONU, não pode ser aceite ou normalizada pela comunidade internacional”.
“Israel deve colocar um fim à ocupação da Palestina”, sublinhou o governo brasileiro.
Estas tensões diplomáticas acontecem numa altura em que chegam ao Brasil os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, mais da União Africana e da União Europeia, autoridades dos países convidados da presidência brasileira, como o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e representantes de doze organizações internacionais.
A tónica da reunião será precisamente a de resolver “questões urgentes” como os conflitos internacionais e reformas das instituições de governança global.
“Entre os temas mais urgentes a serem discutidos estão a situação no Médio Oriente e a ofensiva russa na Ucrânia, que continuam a gerar preocupações globais em relação à crise humanitária instalada e aos desdobramentos geopolíticos e económicos dos conflitos”, frisou a diplomacia brasileira, antes das declarações de Lula da Silva sobre Israel terem sido proferidas.
Para além disso, contrariando os líderes ocidentais que se apressaram a acusar o Kremlin, depois da morte, na semana passada, do opositor russo Alexei Navalny, a diplomacia brasileira não teceu qualquer nota de pesar e, no domingo, em Adis Abeba, Lula da Silva afirmou que “se a morte está sob suspeita, você tem que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu”.
Dentre os principais nomes confirmados estão o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que se encontra em Brasília e que se reunirá na quarta-feira de manhã com Lula da Silva, e o chanceler russo, Sergei Lavrov.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, estará presente no evento, que conta também com a presença, como convidados, dos chefe da diplomacia de Portugal, João Gomes Cravinho, do secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, sendo que Angola se fará representar pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, disse à Lusa fonte da diplomacia angolana.
As prioridades da presidência brasileira para o seu mandato à frente do G20 são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.
O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização.
Portugal estará presente, ao longo do mandato do Brasil, em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo, que será realizada no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro de 2024.