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Irão. Risco de execução iminente de três manifestantes condenados à morte

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Três homens condenados à morte no Irão na sequência dos protestos que eclodiram no ano passado estão em “risco iminente” de execução depois de o Supremo Tribunal ter decidido manter as sentenças, divulgou nesta sexta-feira, 12, a Amnistia Internacional.

Majid Kazemi, Saleh Mirhashemi e Saeed Yaghoubi foram detidos em Novembro de 2022 depois dos protestos na cidade de Isfahan (centro) e condenados à morte em Janeiro de 2023.

Na rede social Twitter, a organização não-governamental (ONG) afirmou que os três homens foram condenados à morte por “hostilidade contra Deus” depois de serem considerados culpados de “sacar uma arma de fogo” durante os protestos.

A ONG de defesa dos direitos humanos disse estar “gravemente preocupada” com o facto de os três “estarem em risco iminente de execução (…) depois de o Supremo Tribunal do Irão confirmar as suas sentenças injustas”.

Segundo a Amnistia Internacional, Majid Kazemi denunciou torturas e maus-tratos na prisão onde se encontra detido, incluindo espancamentos para obter uma “confissão”.

Os opositores do regime iraniano acusam as autoridades de usarem a pena de morte como forma de intimidar a sociedade civil após meses de protestos que eclodiram em Setembro de 2022, depois da morte sob custódia policial de Mahsa Amini, uma jovem iraniana curda que foi detida por alegadamente não ter respeitado o código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica do Irão.

Pelo menos 582 pessoas foram executadas no Irão no ano passado, o maior número desde 2015 e muito acima das 333 execuções registadas em 2021, disseram as ONG Iran Human Rights (IHR) e a Ensemble contre la Peine de Mort (ECPM) num relatório divulgado em abril.

O ritmo de execuções tem sido ainda mais intenso em 2023, com pelo menos 223 execuções registadas desde o início do ano, segundo a IHR.

Desde o final de Abril, as autoridades iranianas executaram pelo menos 60 pessoas, denunciou a Human Rights Watch (HRW).

“As autoridades iranianas estão a utilizar execuções, uma punição desumana, após julgamentos injustos, como uma demonstração de força contra o seu próprio povo, que exige mudanças fundamentais”, enfatizou Tara Sepehri Far, investigadora da HRW.

“A comunidade internacional deve condenar inequivocamente esta tendência assustadora e pressionar as autoridades iranianas a interromper essas execuções”, exortou.

Na segunda-feira, o país executou duas pessoas que tinham sido condenadas à morte por blasfémia e insultos ao Islão ao publicarem na Internet “conteúdos contra a religião” e por defenderem o ateísmo.

LUSA

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