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Governo rompe com a Alrosa. Maior produtora mundial de diamantes não escapa ao peso das sanções e vai deixar Catoca após três décadas

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O governo angolano decidiu, em reunião do Conselho de Ministros (CM), realizada nesta quinta-feira, 28, pôr fim à parceria de quase três décadas com a multinacional russa Alrosa na Sociedade Mineira de Catoca e na Mina do Luele.

A informação foi confirmada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, no final da reunião ministerial, dirigida pelo Presidente da República, João Lourenço.

Com esta decisão, chega, assim, ao fim um ‘casamento’ de 29 anos com a empresa russa, que actuava na produção e distribuição de diamantes em Angola, através da Sociedade Mineira de Catoca, na qual detinha uma posição accionista de 41% do capital.

Muito embora não fizesse parte da estrutura accionista do projecto da mina do Luele, a Alrosa prestava assistência técnica e fornecia equipamentos de prospecção.

Segundo o ministro Diamantino de Azevedo, as sanções do G7 e da União Europeia, que proíbem a importação de diamantes russos, contra a multinacional Alrosa, pesaram nesta decisão, lembrando que este era um processo que se arrastava há já cerca de dois anos.

A saída da Alrosa abre assim caminho para a entrada da Maden Group, com sede em Omã, que irá ocupar as posições da diamantífera russa na Sociedade Mineira de Catoca e na Mina do Luele.

Recorde-se que, tal como havia noticiado este portal, uma chuva de sanções impostas à Alrosa, em 2022, por força do conflito armado Rússia-Ucrânia, fez estremecer os objectivos estratégicos da Sociedade Mineira de Catoca.

Na ocasião, nem a companhia russa, nem a Endiama ou o governo angolano se pronunciaram a respeito de como as sanções poderiam ou não afectar as operações da Catoca e da Endiama.

No entanto, ficou claro que, tarde ou cedo, alguma decisão seria tomada, até porque no final do ano passado e nos primeiros seis meses deste ano, a Endiama começou a reportar contrariedades.

Por exemplo, no mês passado (Outubro), o presidente do Conselho de Administração da Endiama, José Ganga Júnior, avançou que o sector diamantífero continuava a atravessar uma crise para comercializar os seus diamantes, havendo uma reserva de mais de três milhões de quilates à espera por “melhores dias”.

A Alrosa é a maior empresa de mineração de diamantes do mundo e responde por cerca de 90% da capacidade de mineração de diamantes da Rússia, que representa, por outro lado, 28% da produção global.

A gigante russa, que é líder mundial em mineração de diamantes em volume, gerou receitas de mais de 4,2 mil milhões de dólares em 2021, dado que os diamantes são uma das dez principais exportações não energéticas da Rússia.

A Sociedade Mineira Catoca é a quarta maior mina do mundo explorada a céu aberto e a maior empresa no sector diamantífero em Angola, operando desde 1996. Encontra-se localizada no município de Saurimo, na província da Lunda-Sul, e possui 639 mil metros quadrados de extensão.

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