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JONAS SAVIMBI EM LUANDA ANGOLA FOTO FERNANDO RICARDO

Governo estuda no Kuando Kubango local para edificar um monumento em homenagem às vítimas da ‘Queima das Bruxas na Jamba’

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O governo angolano estuda, na província do Kuando Kubango, um local onde deverá ser erguido um momento em homenagem às vítimas dos acontecimentos da chamada ‘Queima das Bruxas na Jamba’ — quando várias mulheres, na década de 1980, foram lançadas vivas à fogueira, acusadas de serem feiticeiras pelo líder fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi.

O ‘evento’ — de muito má memória para o maior partido na oposição em Angola e que ainda hoje tem custado muito caro à imagem do seu fundador — foi esta semana remoído, no âmbito de uma operação de buscas e escavações em sítios presumíveis de deposição de restos mortais, nas áreas do sudeste do Kuando Kubango, particularmente na Jamba, antigo quartel-general do braço armado da UNITA.

Segundo apurou o !STO É NOTÍCIA, de uma fonte bem posicionada, durante a última semana, o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), general Fernando Garcia Miala, esteve a liderar uma equipa da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), que esteve, até esta sexta-feira, a trabalhar no Kuando Kubango.

Fernando Garcia Miala, que trabalhou entre os municípios de Mavinga, Rivungo e Cuito Cuanavale, mais do que coordenar os trabalhos da equipa de escavações e busca de restos mortais das vítimas da Jamba — actividade, aliás, que já mereceu uma nota de repúdio da UNITA, esteve também a fazer levantamento de possíveis locais para a construção do referido monumento.

A Jamba, local de ocorrência dos hediondos eventos da queima de mulheres acusadas de bruxas por Jonas Savimbi, poderá vir a ser um hipotético sítio de acolhimento do monumento histórico.

Entretanto, o !STO É NOTÍCIA não conseguiu apurar se o regresso de Fernando Garcia Miala a Luanda, nesta sexta-feira, 4, teria coincidido ou não com o fim dos trabalhos de identificação do local, cujas deslocações estavam a ser realizadas com o suporte de helicópteros, já que a província do Kuando Kubango apresenta inúmeros problemas de mobilidade via terrestre, por inexistência de vias de comunicação.

Na segunda-feira, 31 de Julho, a Televisão Pública de Angola (TPA) avançou que uma delegação da CIVICOP estava a trabalhar em Menongue, na capital do Kuando Kubango, no Rivungo e posteriormente na Jamba, a pedido formulado por familiares das vítimas da chamada ‘queima das bruxas’, que teriam solicitado a intervenção do Estado angolano para localizar as ossadas dos seus entes queridos.

Em entrevista à estação pública, o médico legista Aurélio Rodrigues, que integrou a missão, disse que “esta actividade se insere na pacificação dos espíritos, na reconciliação, e o que se perspectiva com este esforço é que o país possa recuperar mais rapidamente a paz de espírito e [que] as famílias pretendem realizar um funeral condigno aos seus entes queridos”.

Em reacção esta sexta-feira, 4, a UNITA mostrou-se “surpresa”, alegando que tomou conhecimento do facto através dos seus representantes na CIVICOP, sem que, no entanto, a mesma comissão tivesse reunido os seus membros.

“A UNITA insta a CIVICOP a recuperar o objecto da sua criação, no âmbito da pacificação dos espíritos e de reconciliação e retomar a metodologia já aprovada, a fim de se credibilizar os resultados da sua criação”, apelou o comunicado do maior partido na oposição, considerando que “a equipa em operação no referido território incorre em violações técnicas, metodológicas, científicas, de falta de transparência”, já que os “sítios ficam viciados e sem as necessárias testemunhas no quadro da CIVICOP, que deveriam validar os resultados dessa operação”.

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