Espanha. Partido Popular acusa Sánchez de fraude e corrupção política
O presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), a maior formação no parlamento de Espanha, disse hoje que a reeleição do socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro nasce de uma fraude e de “corrupção política”.
“Esta investidura nasce de uma fraude. O que se traz hoje à Câmara [Parlamento] não se votou nas urnas”, disse Alberto Núñez Feijóo, no debate no Parlamento de Espanha para a reeleição de Sánchez como líder do Governo, na sequência das eleições de 23 de Julho.
Feijóo referia-se aos acordos de Sánchez com partidos separatistas catalães para lhe viabilizarem um novo governo, que incluem uma amnistia dos envolvidos na tentativa de auto-determinação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.
O líder do PP considerou ainda os acordos como “corrupção política” porque “tomar decisões políticas contra o interesse geral em troca de benefícios pessoais é corrupção política”.
Para Feijóo, o socialista Pedro Sánchez está disposto a pagar qualquer preço para se manter no poder, incluindo amnistiar independentistas que atentaram contra a unidade de Espanha e deixar nas mãos destes partidos a governabilidade do país de que não querem fazer parte.
Feijóo acusou Sánchez de “falta de palavra, ausência de restrições morais e de patológica ambição” e considerou que o socialista deixará como legado uma Espanha dividida.
“A amnistia não melhora a convivência, destrói-a”, defendeu Feijóo, numa referência ao argumento em defesa da amnistia que hoje usou Sánchez no debate parlamentar.
O líder do PP voltou a defender a repetição das eleições, em que os populares foram os mais votados, e sublinhou que o partido socialista (PSOE) não só não tinha a amnistia no programa eleitoral como até a negava antes das legislativas.
Feijóo reiterou também que “o PP não se calará”, depois de ter convocado manifestações em 52 cidades no domingo passado contra a amnistia que mobilizaram centenas de milhar de pessoas.
Na abertura do debate, Sánchez referiu-se precisamente às manifestações e disse saudar e respeitar toda a contestação pacífica, que considerou um acto democrático e legítimo.
Na resposta a Feijó, o socialista voltou a apelar à direita espanhola para reconhecer o resultado das eleições e sublinhou que todos os deputados eleitos são igualmente legítimos, incluindo os de partidos independentistas.
“O que diz a Constituição é que se respeite o resultado das eleições, não que se repitam as eleições”, disse Sánchez a Feijóo.
Sánchez voltou a dizer que o PP não consegue aliados para chegar ao Governo e há uma união de oito partidos em torno do novo governo de esquerda por causa das alianças dos populares com a extrema-direita.
O líder do Vox, partido de extrema-direita e o terceiro maior no parlamento espanhol, disse no mesmo debate que os acordos com os independentistas são um golpe de Estado, por atentarem contra a unidade do país, que Sánchez é “um golpista” que devia sentar-se no banco dos réus e que Hitler também chegou ao poder com eleições antes de manipular o resultado e destruir a democracia.
As palavras de Santiago Abascal foram condenadas pela bancada do PSOE e pela presidente do Parlamento, Francina Armengol, que pediu ao líder do Vox para as retirar.
Santiago Abascal recusou fazê-lo, repetiu o que tinha dito e, perante as condenações de Armengol e do PSOE, a bancada do Vox abandonou o plenário, um protesto que o partido usa com frequência nos debates parlamentares.
Pedro Sánchez recusou responder a Santiago Abascal.
O debate para a reeleição de Sánchez termina na quinta-feira, com a votação do plenário da investidura do líder do PSOE como primeiro-ministro da nova legislatura espanhola.
Sánchez tem, à partida, o ‘sim’ de uma maioria absoluta de 179 deputados de oito partidos, numa ‘geringonça’ de formações de esquerda e direita, regionalistas, nacionalistas e independentistas.