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Espanha. Deputada canária que apoiou Feijóo admite viabilizar Sánchez

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A deputada da Coligação Canária no parlamento de Espanha, Cristina Valido, admitiu hoje apoiar a reeleição do socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro, depois de ter votado a favor do anterior candidato, o líder do Partido Popular (PP).

Se Cristina Valido apoiar Sánchez, o socialista deixará de precisar dos votos a favor de todos os partidos independentistas catalães para ser reinvestido primeiro-ministro pelo Parlamento.

Nesse cenário, poderá haver sete abstenções e mesmo assim a candidatura de Sánchez ser bem-sucedida.

Os partidos catalães independentistas, que são os que fazem maiores exigências aos socialistas para viabilizarem um novo governo de esquerda em Espanha, têm, precisamente, sete deputados cada.

Se a deputada da Coligação Canária (CC) votasse a favor de Sánchez, o socialista já não teria de negociar necessariamente o voto a favor da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, que está no governo regional) e também do Juntos pela Catalunha (JxCat, do ex-presidente do executivo regional Carles Puigdemont).

No entanto, os dois partidos catalães fazem as mesmas exigências a Sánchez: uma amnistia para os envolvidos na tentativa de independência da Catalunha de 2017 e negociações para fixar as condições para haver um referendo sobre a autodeterminação da região.

A deputada única da CC, Cristina Valido, disse hoje que não há neste momento contactos ou negociações com o partido socialista (PSOE) em relação à investidura de Sánchez, mas afirmou que há disponibilidade para falar e analisar propostas.

O partido posicionar-se-á e decidirá “perante o cenário” que o PSOE colocar, disse Cristina Valido, admitindo que a CC poderá mesmo reequacionar posições anteriores contra a amnistia ou contra a entrada da extrema-esquerda no Governo, através da plataforma Somar, como já aconteceu na legislatura passada.

Cristina Valido admitiu essa hipótese no caso de o PSOE se comprometer com as exigências da CC para as ilhas, a “agenda canária”, com a qual se tinha comprometido o líder do Partido Popular (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, que foi o primeiro a tentar ser investido presidente do Governo, na sequência das eleições de 23 de julho, mas foi ‘chumbado’ pelo parlamento na semana passada.

“Nós estamos aqui para solucionar os problemas dos canários e este é o primeiro objetivo com que os canários votam em nós”, disse hoje Cristina Valido.

“Quando o PSOE nos falar com clareza de como quer fazer, se aceita a agenda [canária] integralmente e transfere o que nos deve, o meu partido terá de decidir se é suficiente e qual é a prioridade. Nós estamos aqui para solucionar os problemas dos canários”, reiterou.

A CC lidera o governo regional das ilhas Canárias e tem uma deputada no parlamento nacional espanhol.

Na sequência da rejeição, pelos deputados, da candidatura de Feijóo a primeiro-ministro, na semana passada, o Rei de Espanha iniciou hoje nova ronda de contactos com os partidos para propor um novo candidato.

A deputada da CC foi ouvida hoje e fez estas declarações aos jornalistas após o encontro com o Rei.

Também já foram ouvidos a União do Povo Navarro (UPN, um deputado), que confirmou a oposição a Sánchez, e o Partido Nacionalista Basco (PNV, na sigla em espanhol, cinco deputados), que não fez declarações à saída.

Na semana passada, o dirigente do PNV Aitor Esteban, que votou contra Feijóo e admite apoiar Sánchez, disse que em relação à investidura do socialista está tudo ainda “muito aberto” e não descartou a repetição das eleições.

O Rei Felipe VI vai ouvir ainda hoje a plataforma de esquerda e extrema-esquerda Somar e o partido de extrema-direita VOX.

A ronda de contactos termina na terça-feira, com a audição de Pedro Sánchez e de Alberto Núñez Feijóo.

Quatro partidos independentistas da Galiza, País Basco e Catalunha recusam encontrar-se com o Rei por não lhe reconhecerem legitimidade como chefe de Estado.

LUSA

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