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Empresas financeiras do Sector Empresarial Público com resultados líquidos negativos de 88,8 mil milhões de kz em 2021

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O resultado líquido das empresas do Sector Empresarial Público (SEP), ligadas ao serviço financeiro bancário, tem sido sucessivamente negativo nos últimos três anos. Embora se tenha observado um desagravamento em 2021, ao passar dos anteriores 449,6 mil milhões kwanzas negativos, em 2020, para os actuais 88,8 mil milhões kwanzas, ainda assim o referido sector continua a registar prejuízos assinaláveis, avançou o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE).

O Relatório Agregado do Sector Empresarial Público, divulgado no website do IGAPE, referente ao exercício económico 2021, aponta que as instituições bancárias integradas no SEP registaram um produto da actividade bancária global de 49,2 mil milhões kwanzas, representando, neste caso, uma melhora de 106,9% se comprado com o ano de 2020.

Porém, acrescenta o relatório, em termos da composição do resultado líquido alcançado no período em exercício, o Banco de Poupança e Crédito (BPC), com 93,7%, e o Banco de Comércio e Indústria (BCI), com 8,4%, contribuíram negativamente, ao passo que o Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA) foi a única entidade a impactar de forma positiva no resultado agregado, com 2,2%.

A queda do resultado líquido, no período em análise, segundo o IGAPE, é justificada pelo resultado extraordinário menor do que o observado em 2020, em razão do saneamento das contas da empresa.

O IGAPE realça o desagravamento acentuado do resultado líquido do BPC, que depois de ter protagonizado o pior resultado da história da banca no ano passado, quando contabilizou 524,9 mil milhões kz de perdas, registou novamente no ano passado prejuízos de 83,21 mil milhões de kwanzas.

Quanto ao Retorno sobre o Capital Próprio (ROE), em linha com o desagravamento observado no resultado líquido em 2021, apurou-se que o ROE (-24,0%) verificado neste ano foi de 110 pontos percentuais, menor do que o do período anterior (2020), quando este fora de -134,0%.

Basicamente, o desagravamento do resultado observado é explicado pela melhora do rating soberano de Angola pelas agências de notação de riscos, que originou a reversão de imparidades associadas aos títulos públicos.

Por outro lado, no quadro dos indicadores financeiros, em 2021, o IGAPE informa que o património líquido agregado dos bancos públicos cresceu kz 34,1 mil milhões, representando um incremento de 10,8% comparativamente a 2020, quando o seu valor correspondia a 335,6 mil milhões kz.

A despeito disso, no entanto, verificou-se uma redução do valor, tanto do activo agregado, quanto do passivo das empresas, embora este último tenha sido percentualmente maior do que o primeiro.

ENSA Seguros aumentou o seu património líquido em 2021

Em grande medida, o relatório do IGAPE mostra que as variações refletidas, as diminuições no activo e passivos agregados, assim como o aumento no capital próprio, justificam-se pela dimensão dos movimentos ocorridos nos indicadores do BPC, o qual, além das razões enunciadas anteriormente, observou uma subscrição e realização de acções adicionais que somam 101,0 mil milhões kz, sendo 100,0 mil milhões kz realizados pelo accionista Estado (por meio do Ministério das Finanças) e 1,017 mil milhões kz pelo accionista Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas.

Em relação ao sector dos seguros, conforme ocorreu em 2020, a ENSA Seguros voltou a registar um aumento do seu património líquido em 2021, ao sair dos 38,0 mil milhões kz verificados em 2020 para os Kz 44,8 mil milhões em 2021, um incremento de 18,1%. Além disso, a empresa continuou seus esforços no sentido de garantir a sustentabilidade do negócio, a despeito de persistirem os efeitos provocados pela pandemia da Covid-19.

Em declarações à imprensa, o presidente do Conselho de Administração do IGAPE, Patrício Vilar, disse que o objectivo principal é reduzir a presença do Estado nas estruturas das empresas e consequentemente a sua intervenção na economia.

Entre as inovações do Roteiro de Reforma, Patrício Vilar atribui destaque ao facto de prever a transformação da maioria das empresas públicas em sociedades anónimas, com diferentes modelos de governança, de gestão e outras exigências em termos de recrutamento e selecção de gestores.

Por sua vez, o ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, no seu discurso de abertura do Encontro do Sector Empresarial Público, sublinhou que o programa de privatizações apresenta resultados satisfatórios.

Mário Caetano apontou que o Estado angolano privatizou, até ao momento, um total de 89 activos, dos quais 78% do sector produtivo, cujas alienações permitiram arrecadar mais de 926 mil milhões kz.

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