Adalberto Costa Júnior defende que proposta de destituição de João Lourenço faz parte do esforço de normalização do edifício democrático no país
O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, defendeu, nesta quarta-feira, 16, em Luanda, que, ao desencadear o processo destituição do Presidente da República, o grupo parlamentar do partido que dirige “está a fazer a sua parte do esforço de normalização do edifício democrático no país”, pelo que, qualquer que seja o resultado, no final deste processo, haverá a consciência de que é necessário alterar as regras do jogo democrático em Angola.
Adalberto Costa Júnior, que falava na cerimónia público durante a qual 86 dos 90 deputados da UNITA à Assembleia Nacional subscreveram a ‘Proposta de Acusação e Destituição do Presidente da República’, esclareceu que “este processo não é um simples acto de competição pelo poder”, até porque, em caso de sucesso, quem assumirá a condução do país será a Vice-Presidente, que não é militante do seu partido.
“Pertencendo ela ao MPLA, não faz qualquer sentido toda essa lamúria, esse choradilho, de quem não foi suficientemente corajoso para alertar e ajudar; de quem até se sentiu confortável no mar das benesses e agora pretende atirar areia aos olhos dos outros, com fantasmas de instabilidade, ou de assaltos ao poder, completamente infundados”, disse o político.
Adalberto Costa Júnior defendeu também que um dos passos a dar, para o fortalecimento do Estado democrático e de direito, passaria pela conformação e redução drástica dos poderes atribuídos ao Presidente da República, que na sua opinião deve “estar revestido de qualidades ético-morais, respeitar e zelar escrupulosamente pelo funcionamento equilibrado das instituições”.
“Queremos um Presidente que não faça a gestão do país como um feudo seu e que não agirá nunca no sentido da ruína do erário. Um Presidente que não tome disposições para colocar os órgãos de comunicação social públicos sob as suas ordens, retirando aos jornalistas o direito de exercer uma informação plural e objectiva, e aos cidadãos o direito de ser informados com verdade”, defendeu o líder da UNITA.
Como requisitos mínimos para esta alta figura do Estado, Adalberto Costa Júnior esperava “um Presidente da República que se respeita e se faz respeitar; um Presidente da República revestido de sensibilidade para estabelecer pontes e não para acentuar as diferenças entre os distintos grupos da sociedade que constituem Angola”.
O líder da UNITA advertiu, por outro lado, que o processo de destituição de João Lourenço não pode ser encarado como “uma arena romana, com gladiadores que se vão esmagar uns aos outros”, até porque existe virtude na iniciativa do seu grupo parlamentar.
“Atrevo mesmo a afirmar que, ao desencadear este processo de destituição, estamos a ser intérpretes dos sentimentos e aspirações de um povo conduzido ao extremo sacrifício e sofrimento, à pobreza e ao abandono no seu país. Esta é a imagem aos olhos de quem quer ver e competirá também aos deputados do MPLA a resposta sobre a quem servem: ao povo de Angola ou a um chefe que virou as costas o seu povo?”.
Ao líder da oposição não restam dúvidas de que a posição dos deputados do MPLA será indicadora para o povo soberano, no sentido de que se são ou não merecedores da sua confiança. Mas, também, o presidente da UNITA alimenta uma outra convicção sobre esta matéria em causa: a de que têm “motivos, legitimidade, legalidade e virtudes para avançarmos com o processo de destituição do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço”.