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UPRA adia arranque do ano lectivo e atira culpas à associação de estudantes

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Numa altura em que decorre uma onda de manifestações de estudantes contra a subida dos preços das propinas e dos emolumentos, a direcção da Universidade Privada de Angola (UPRA) decidiu adiar o arranque do ano lectivo 2021/2022, de 3 para 29 de Novembro do ano em curso, alegando haver “interferências negativas da Associação dos Estudantes ao normal funcionamento da instituição”.

De acordo com uma nota informativa tornada pública nesta quarta-feira, 27, à qual este jornal teve acesso, a direcção da UPRA acusa a Associação dos Estudantes de “interferir negativamente na dinâmica administrativa, académica e científica da secretaria geral”, o que, segundo lê-se no documento, interrompeu a criação de condições para a emissão de declarações de frequência para efeitos de renovação da bolsa de estudo para os estudantes bolseiros.

“Assim, vimos a informar aos estudantes bolseiros que a UPRA não tem condições de entregar as declarações de confirmação e frequência aos estudantes até 16 de Novembro de 2021 — data limite estipulada pelo INAGBE para o término do processo de renovação de bolsas de estudo internas”, informou a direcção da instituição, declinando qualquer responsabilidade sobre os danos que venham a causar.

A divulgação da referida nota resulta da onda de manifestações que já se arrasta há três dias, derivado da subida dos preços das propinas e emolumentos.

O presidente da Associação dos Estudantes da UPRA (AEUPRA), Artur Airosa, avançou, em entrevista ao !STO É NOTÍCIA, que a universidade subiu os preços da mensalidade e dos emolumentos ao limite máximo (25%), sem abrir sequer uma possibilidade de negociação com a associação.

“É a quinta vez consecutiva, num espaço de quatro anos, que a instituição altera a tabela de preços, sem dar nenhuma satisfação plausível aos estudantes”, reclamou Artur Airosa.

O líder do movimento estudantil defendeu ainda a realização da manifestação como a “melhor forma que se encontrou para os estudantes demonstrarem o seu descontentamento”, em face do posicionamento da instituição que o mesmo classifica como sendo “vergonhoso e desumano”.

“Somos estudantes, não somos marginais. Estamos apenas a reivindicar os nossos direitos enquanto estudantes desta universidade. Não esperávamos que a instituição fosse desumana para connosco, violando desse jeito os nossos direitos. É triste e vergonhoso”, repudiou o presidente da AEUPRA, garantindo que “a manifestação vai continuar até à universidade mudar a sua postura ”.

Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver o ambiente tenso, em que efectivos da Polícia Nacional aparecem envolvidos num “puxa-puxa” que culminou com a detenção de pelo menos 28 estudantes, acusados de perturbarem a ordem e tranquilidade dos funcionários e utentes daquela instituição de ensino superior.

Trata-se do segundo ano consecutivo que os estudantes da Universidade Privada de Angola manifestam-se contra a subida do preço da mensalidade e dos emolumentos. A tabela dos preços das propinas na Universidade Privada de Angola ronda entre os 41.668,75kz e os 175.950,00kz , sendo que o curso de medicina detém a mensalidade mais alta.

*Com Glaucia Miguel

Bernardo Pires

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