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Ucrânia. “Secreta” planeia explodir ponte da Crimeia até Junho

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A Ucrânia está a planear explodir a ponte Kerch, que liga a península da Crimeia à Rússia, ainda no primeiro semestre de 2024, segundo fontes da “secreta” ucraniana citadas hoje pelo jornal britânico The Guardian.

Altos funcionários do serviço de informações militares da Ucrânia (GUR) disseram ao jornal que, a somar aos ataques conduzidos com drones contra alvos russos na península anexada por Moscovo em 2014, Kyiv tem o objetivo de tentar pela terceira vez a destruição da ponte Kerch.

O GUR pretende destruir a ponte de 19 quilómetros “na primeira metade de 2024”, disse um funcionário do GUR ao The Guardian, acrescentando que Kyrylo Budanov, o chefe dos serviços secretos, já tinha “a maior parte dos meios para realizar este objetivo”.

Para o Presidente russo, Vladimir Putin, a ponte é um forte símbolo daquilo que considera uma das suas maiores conquistas políticas: o “regresso” da península à Rússia em 2014, embora não reconhecido internacionalmente.

Os ucranianos consideram igualmente a ponte como um símbolo, mas neste caso da anexação ilegal pelo Kremlin, e a sua destruição reforçaria a campanha ucraniana de libertação da Crimeia e aumentaria o moral dentro e fora do campo de batalha.

O The Guardian referiu que o plano já teve a aprovação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com vista a minimizar a presença naval da Rússia no Mar Negro, onde a Ucrânia reivindica a destruição de um terço dos navios desta frota.

Dentro deste contexto, Zelensky pediu à Alemanha o seu míssil Taurus KEPD-350 de longo alcance, um dos mais modernos sistemas de armas dos militares alemães, mas o chanceler alemão, Olaf Scholz, tem recusado, alegando que pretende evitar uma escalada da guerra, envolvendo um confronto direto das forças da NATO com a Rússia.

Em julho do ano passado, um ataque com drones navais ucranianos causou danos consideráveis na ponte e, em outubro de 2022, uma explosão, segundo a Rússia, provocada por uma bomba escondida num camião, fez com que vários vãos da estrada caíssem à água.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontam-se com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.

LUSA

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